Pesquisadoras do Laboratório de Comunicação e Saúde (Laces), do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde (Icict/Fiocruz), Adriana Aguiar e Irene Kalil lançaram o livro Residências em Saúde no Brasil: uma revisão de escopo, voltado a professores, pesquisadores, coordenadores de programas de residência, preceptores, residentes e ex-residentes. Dividido em 10 capítulos, a publicação apresenta uma “revisão da bibliografia indexada sobre residências em saúde no Brasil e analisa em profundidade 237 artigos disponíveis em seis grandes bases nacionais e internacionais", explica Adriana Aguiar. "Dessa forma, foi possível sistematizar o material disponível sobre temas estratégicos para a formação de especialistas”.
O livro é bem didático e apresenta os capítulos as Característica gerais do escopo de publicações sobre residências em saúde no Brasil, Currículo e competência nas residências em saúde brasileiras, Avaliação do desempenho dos residentes e Instâncias e mecanismos de gestão e governança das residências em saúde, dentre outros.
Figura: Elementos de contexto teórico-conceitual e institucional da pesquisa sobre residências no Brasil | Do livro: Residências em Saúde no Brasil: uma revisão de escopo
Modelos de residência
A Residência Médica é uma pós-graduação destinada a médicos que, ao final do curso, receberão o título de especialistas. Além dela, existem os Programas em Área Profissional da Saúde (residências multiprofissionais e uniprofissionais), voltados para as demais carreiras da saúde. Esses dois formatos de programas constituem modalidades de pós-graduação lato sensu, destinadas às profissões da saúde, caracterizados por ensino em serviço, com carga horária de 60 (sessenta) horas semanais, duração mínima de 2 (dois) anos (dependendo da especialidade). Os programas de Residência em Área Profissional da Saúde, contemplam os egressos das áreas de: Biomedicina, Ciências Biológicas, Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Medicina Veterinária, Nutrição, Odontologia, Psicologia, Serviço Social, Terapia Ocupacional, Saúde Coletiva e Física Médica (fonte: Ministério da Saúde).
Segundo o Ministério, a residência “incentiva a formação de especialistas, priorizando as especialidades e regiões prioritárias estabelecidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS)”.
Saúde e Educação
As autoras chamam a atenção para a relação peculiar das residências. "Ao mesmo tempo em que a constituição estabelece que o SUS é o ‘ordenador’ da formação em saúde, a regulação e avaliação é realizada pelo Ministério da Educação, gerando uma interlocução constante”, explica Adriana Aguiar, que complementa: “residências em saúde como objeto de pesquisa envolve vários ângulos de análise, pois está situado na interface entre os campos da saúde, da educação superior e do trabalho, estando indissociável das políticas públicas”.
No livro Residências em Saúde no Brasil: uma revisão de escopo, as pesquisadoras do Laces, trabalhando com colegas de outros estados, tiveram uma preocupação em realizar uma pesquisa ampla para que o público-alvo tivesse uma visão sólida sobre o tema, como explica a coordenadora da pesquisa, Adriana Aguiar: “gostaríamos de despertar ou fortalecer o interesse nas residências como objeto de pesquisa científica, e também estimular estudos realizados nos serviços onde a residência ocorre, envolvendo os próprios residentes”. Aguiar entende como fundamental a compreensão das bases da pesquisa científica sobre o tema, porque ela “é intrínseca à boa formação especializada e que uma ótima maneira de aprender sobre métodos de pesquisa é participando de projetos de investigação durante a residência”.
Ensino-aprendizagem da Comunicação
Na publicação, tanto Adriana Aguiar, quanto Irene Kalil são uníssonas em afirmar que “tendo analisado o escopo do ponto de vista temático e metodológico, esperamos oferecer um 'mapa’ da pesquisa no assunto, e incluímos ainda lacunas no conhecimento, pontos que consideramos particularmente importantes de serem investigados e problematizados. Identificamos narrativas emergentes que apontam interesses mais recentes do campo, como é o caso do ensino-aprendizagem da Comunicação”.
As autoras, inclusive, dedicam um capítulo exclusivo ao tema - A comunicação como temática na literatura sobre residências em saúde no Brasil - no qual abordam a importância da comunicação para a formação de residentes. Segundo Irene Kalil, o capítulo sobre comunicação na formação de residentes, “inclui acepções de comunicação que identificamos na literatura sobre residências, com referências interessantes que vão além da tradicional visão de comunicação nas práticas de saúde como instrumento para obtenção de informações por parte dos profissionais”.
Para Adriana Aguiar, “há autores que investigam a comunicação no cuidado como construção compartilhada de sentidos sobre saúde-doença entre profissionais e usuários, o que reforça nosso entendimento de que a comunicação na formação em saúde deve ser compreendida como uma competência (que inclui conhecimentos, habilidades e atitudes), e não como habitualmente aparecia no debate, como se a comunicação efetiva pudesse se restringir à aplicação de técnicas”.
As duas pesquisadoras acreditam que “a participação qualificada de representantes dos interessados na formação de especialistas, o que em última instância inclui toda a sociedade, será fortalecida mediante o acesso a esse material de estudo e oportunidades de problematização”.
Assista abaixo o lançamento do livro Residências em Saúde no Brasil: uma revisão de escopo, que contou com a presença das autoras Adriana Cavaçanti de Aguiar e Irene Rocha Kalil, da coordenadora do Fórum de Coordenadores de Programas de Residência - Fiocruz, Adriana Coser, e da coordenadora-geral das Residências em Saúde do Ministério da Saúde (MS), Priscilla Azevedo:
O estudo pode ser acessado online ou, no formato impresso, diretamente na editora Appris.