Para contar a história de 2016, a Agência Fiocruz de Notícias (AFN) selecionou 50 destaques entre as centenas de notícias das unidades da Fiocruz de todo o Brasil durante o ano. Na sequência ao lado, estão as Dez Mais de 2016. Abaixo, você confere os especiais produzidos pela AFN e as 40 reportagens mais relevantes, de janeiro a dezembro, da Agência Fiocruz de Notícias.
A emergência da crise relacionada ao zika no final de 2015 fez do vírus o grande protagonista da Saúde Pública brasileira em 2016. Na Fundação Oswaldo Cruz, pesquisadores de diversas unidades do país ajudaram a esclarecer o funcionamento do vírus e seus desdobramentos, como os casos de microcefalia em recém-nascidos e outras complicações neurológicas. Diante da gravidade do quadro, a AFN preparou um especial completo sobre o vírus [1], com todas as notícias publicadas sobre o zika, desde o ano passado até agora.
Outros temas também mereceram especiais da AFN durante 2016. As consequências da tragédia da Samarco e o desastre ambiental na bacia hidrográfica do rio Doce renderam balanço dos seis meses do rompimento da barragem de mineração [2]. O suicídio como problema de Saúde Pública [3] também mobilizou a atenção de especialistas da Fiocruz durante o Setembro Amarelo. Um evento internacional sobre álcool serviu para a atualização do especial Drogas e Saúde Pública [4]. Por fim, em celebração ao Dia Mundial de Luta contra a Aids, em 1° de dezembro, a Agência Fiocruz de Notícias também reuniu as principais novidades da Fiocruz em relação ao agravo [5].
Em janeiro, a Fundação Oswaldo Cruz comemorou a sanção do Marco Legal da Ciência, Tecnologia e Inovação [6], que promove uma série de ações para o incentivo à pesquisa e ao desenvolvimento científico e tecnológico no país. Um estudo liderado pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) apontou, pela primeira vez, que a infecção intestinal por vermes está associada ao desenvolvimento da forma mucosa da leishmaniose tegumentar [7], apresentação mais grave desta doença. Outro destaque do IOC/Fiocruz em janeiro foi o sequenciamento completo do genoma mitocondrial [8] do parasito Onchocerca volvulus coletado no Brasil.
Em fevereiro, a Fiocruz e mais 20 instituições brasileiras assinaram um manifesto [9] que alerta para a importância de acompanhar com cautela todo e qualquer projeto de reconstrução na área afetada pelo rompimento da barragem de Fundão da Mineradora Samarco. Outro destaque do mês foi a reportagem do sobre o cenário de intoxicações “invisíveis” no Rio [10], que fez parte da série Agrotóxicos: a história por trás dos números, realizada pelo Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz).
Em março, o Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) anunciou o desenvolvimento de um medicamento inovador voltado para crianças que vivem com HIV/Aids: o efavirenz pediátrico dispersível em água [11], elaborado a partir de nanotecnologia. Outra novidade foi o lançamento da plataforma digital do Observatório das Estratégias da Indústria do Tabaco [12] da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz). Sobre a vacina contra a febre amarela, um grupo liderado por cientistas do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) descobriu informações que podem contribuir para o aperfeiçoamento do método de fabricação do imunizante [13], substituindo o uso de embriões de galinha por um sistema de cultura de células.
Em meio à crise política do país, o mês de abril começou com o Manifesto do Conselho Deliberativo da Fiocruz [14] em defesa da democracia e do Estado de Direito. No mesmo período, a Organização Mundial da Saúde (OMS) renovou a designação do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) como Centro Colaborador para Leptospirose [15]. Em parceria com o Instituto Socioambiental (ISA), a pesquisa da Fiocruz detectou a contaminação de mercúrio da Terra Indígena Yanomami [16], em Roraima. O mês também marcou um importante debate no Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) sobre a invisibilidade das condições crônicas na infância e os entraves à desospitalização [17].
Em maio, o Conselho Deliberativo da Fundação Oswaldo Cruz, em reunião extraordinária, aprovou por unanimidade uma Carta Aberta em defesa do Sistema Único de Saúde (SUS) [18]. Uma das novidades que movimentou o mês foi o lançamento da Livraria Virtual da Editora Fiocruz [19], que oferece um novo canal de acesso aos livros, com mais eficiência, comodidade e segurança para seus clientes. Em parceria com a PUC-Rio e o Inmetro, o Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) iniciou um projeto para desenvolver um sensor ótico capaz de dar suporte ao médico ginecologista no diagnóstico de câncer de colo do útero e de suas lesões precursoras [20].
O mês de junho teve como destaque o convite ao vice-presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fundação, Jorge Bermudez, para integrar o Painel das Nações Unidas de Alto Nível sobre o Acesso a Medicamentos [21]. Dos laboratórios do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), anunciou-se que uma substância extraída do aipo pode ser a base para o desenvolvimento de novos medicamentos contra a leishmaniose cutânea [22]. Além de ser administrada por via oral, o que facilitaria seu uso em pacientes, a substância não apresentou efeitos tóxicos. Ainda em junho, outro estudo pioneiro do IOC/Fiocruz desvendou um dos mecanismos de escape que permite à bactéria da hanseníase continuar viva [23] e se replicar nas células humanas.
Em julho, pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) anunciaram avanços na busca por um tratamento para as leishmanioses [24]que dispense o uso de injeções e tenha menos efeitos colaterais. No mesmo período, um debate no Viva Rio, com a presença do presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha, marcou o lançamento do documentário Crack repensar [25], produzido pelo selo Fiocruz Vídeo. Outro evento importante, em meio à grave crise política no país, foi a Semana de Comunicação da Fiocruz [26], que teve o objetivo de auxiliar na construção coletiva de uma Política de Comunicação institucional para a Fundação Oswaldo Cruz.
Em agosto, a Organização das Nações Unidas e a Fiocruz promoveram uma série de atividades pelo Dia Mundial da Juventude [27], em Manguinhos, no Rio de Janeiro. Inspirado pelas Olimpíadas, o tema das celebrações foi definido como Juventudes, Esporte e Desenvolvimento: rota para 2030. Uma importante novidade anunciada no mês foi o início dos estudos clínicos de Fase II da vacina brasileira para esquistossomose [28], chamada de Vacina Sm14. Um estudo de pesquisadores da Fiocruz Minas jogou luz sobre os casos de recaídas de malária [29] sofridas por pacientes que se submeteram ao tratamento da doença. Em uma iniciativa conjunta com a UFRJ, a Fiocruz também divulgou pesquisa que busca terapia alternativa contra a leucemia [30].
Em setembro, um seminário em Manguinhos discutiu o papel estratégico da Fiocruz no cumprimento da Agenda 2030 do Desenvolvimento Sustentável [31]. Um estudo com a participação do Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) apontou que pelo menos 70% das causas de cegueira e grave comprometimento visual [32] infantil poderiam ser evitadas ou possuem tratamento efetivo. Outra novidade do mês foi o dispositivo capaz de interromper lesões cerebrais em recém-nascidos com falta de oxigênio [33], reconhecido com prêmio internacional. Setembro também ficou marcado pelas atividades de comemoração dos dez anos do Ciência Móvel [34], do Museu da Vida.
Em outubro, um estudo de pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) sobre formas de reduzir os impactos nocivos do processo inflamatório durante as infecções respiratórias [35] foi premiado pela Fundação Mérieux. No mesmo mês, o Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) e a UFRJ assinaram acordo para a construção do Centro de Referência Nacional em Farmoquímica [36] para pesquisa e desenvolvimento de Insumos Farmacêuticos Ativos (IFA). Outra novidade importante foi a inauguração da Estação Biológica Fiocruz Mata Atlântica [37], com o propósito de apoiar as pesquisas que relacionam ambiente e saúde.
Em novembro, a Fiocruz Pernambuco iniciou o recrutamento de pessoas para participar da fase III dos testes da vacina da dengue [38], produzida pelo Butantan, no estado. A proposta é recrutar 1.200 pessoas. Um achado inédito publicado na revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz identificou vetores reconhecidos da doença de Chagas [39] colonizando um ambiente domiciliar no Brasil. Outro marco do mês foi a realização do 1º Hackathon em Saúde da Fiocruz [40], maratona tecnológica de desenvolvimento de aplicativos e games para o sistema de Saúde Pública. Ainda em novembro, o Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) apresentou estudos promissores sobre novas soluções terapêuticas contra a malária [41].
Em dezembro, o Ministério da Saúde comunicou a adoção de uma metodologia inovadora desenvolvida pelo Instituto Nacional de Infectologia (INI/Fiocruz) para o tratamento de leishmaniose [42], garantindo maior segurança para a saúde do paciente. Outra boa notícia foi a inauguração oficial do Centro para Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs) [43], no Parque Tecnológico da Bahia, em Salvador. No mesmo período, o Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) anunciou a publicação de catálogo com 200 espécies de helmintos [44], vasto conjunto de vermes que parasitam homens e animais. Preocupados com o aumento de picadas de escorpião em crianças [45], especialistas do Icict/Fiocruz e do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox) promoveram seminário em Manguinhos.
César Guerra Chevrand e Renata Moehlecke (editores AFN)