Com o título The Sanitation of Brazil – Nation, State, and Public Health, 1889-1930, a editora da Universidade de Illinois, EUA, lançou em inglês o livro A Era do Saneamento: as bases da política de saúde pública no Brasil, de Gilberto Hochman, pesquisador da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz) e editor adjunto da revista História, Ciências, Saúde - Manguinhos [1] da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz).
Resultado de uma tese de doutorado defendida no Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj) e vitoriosa no concurso Ford/Anpocs, o livro foi lançado originalmente pela Hucitec Editora em 1998 e teve duas novas edições, em 2006 e 2012. A obra, que tornou-se referência, aborda as relações entre saúde pública e a construção de Estado no Brasil da Primeira República, revelando que as políticas de saúde e saneamento no país tiveram um papel preponderante na intensificação da participação do Estado na sociedade e no território brasileiro.
De acordo com Hochman, a edição em inglês é uma versão revista e atualizada com o apoio do programa de traduções da Biblioteca Nacional. “É muito importante esta oportunidade de alcançar um público mais amplo num momento de críticas e ataques aos sistemas de proteção social no Brasil e também em vários outros países”, diz o autor.
Para Jerry Dávila, autor do Diploma de Brancura: Raça e Política Social no Brasil, 1917-1945, o livro de Hochman é uma contribuição pioneira para a compreensão da relação entre a saúde pública e o processo de formação do Estado. “É uma leitura essencial para qualquer pessoa interessada nas histórias da saúde e da medicina nas Américas”, afirma.
“Somos muito afortunados por ter esta lúcida tradução do brilhante estudo sobre a expansão da saúde pública no Brasil do início do século 20, um processo complexo que envolveu cálculos ideológicos e pragmáticos da autonomia regional, a autoridade central e o alto custo humano da doença num país vasto e variado”, opina Alexandra Minna Stern, autora de Eugenic Nation: Faults and Frontiers of Better Breeding in Modern America.
“Finalmente, o clássico relato de Gilberto Hochman sobre política de saúde pública, cidadania e construção do Estado durante a Primeira República do Brasil está disponível para além do mundo da leitura em português. Este volume premiado oferece uma perspectiva histórica crucial sobre a complexa política de construção da saúde coletiva, ainda mais relevante hoje, quando o admirado sistema nacional de saúde do Brasil está sob ataque”, afirma Anne-Emanuelle Birn, co-editora de Comrades in Health: US Health Internationalists, Abroad and at Home.
Para Luiz A. de Castro Santos, por sua relevância e superior qualidade, A Era do Saneamento compara-se aos melhores trabalhos internacionais no campo da sociologia histórica da saúde. “Hochman articula poder e política(s) de saúde de modo a fazer ressaltar a trama incerta de interdependências, alianças e conflitos entre Estado Nacional, oligarquias e grupos profissionais, na formação das políticas de saúde no Brasil.”
“São poucos os trabalhos que conseguem aliar a análise inovadora de vasto material empírico sobre fenômenos específicos a avanços na compreensão de processos históricos mais amplos. O livro faz isso com competência e elegância, enfocando um período pouco estudado pela literatura sobre as políticas públicas, em especial de saúde”, afirma Eduardo Cesar Marques em resenha publicada [2] na Revista Brasileira de Ciências Sociais em 1999.
Saiba mais no blog da História, Ciências, Saúde - Manguinhos [3].