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02/07/2005

Projeto lista a fauna que habita o campus da Fiocruz

Adriana Melo


O campus da Fiocruz em Manguinhos, na Zona Norte do Rio de Janeiro, é um oásis de verde cercado de vias expressas com trânsito caótico, favelas e rios poluídos. Mas quem mora ou trabalha na região pode nunca ter reparado na infinidade de animais que vivem dentro dos muros do campus. Para familiarizar os freqüentadores da Fundação com a fauna local, pesquisadores do Museu da Vida criaram o projeto Vida Silvestre em Manguinhos, que está fazendo um levantamento dos animais e plantas que são encontrados no campus. O objetivo é proporcionar uma relação dos servidores e da comunidade do entorno com a natureza. Os resultados do levantamento serão apresentados, em forma de fichas descritivas da fauna do campus, no site do Museu da Vida.


A idéia do projeto surgiu de conversas entre o biólogo Miguel de Oliveira e a jornalista Daniele de Souza. "A história da Fiocruz e seus personagens já foram muito estudados e são bastante conhecidos. Mas muito pouco se sabe sobre o campus", diz Oliveira. A inspiração veio de iniciativas semelhantes já tomadas por outras instituições, como a Universidade de São Paulo. Não se pretende fazer um levantamento extensivo da fauna local. O objetivo é sensibilizar o público para conservar o campus. "Os servidores da Fundação e os moradores do entorno precisam conhecer mais o local onde vivem e trabalham", diz o biólogo. "O conhecimento aproxima, cria uma identidade que estimula a preservação", completa Daniele.


A primeira parte do trabalho consiste em fotografar os animais. Isso é feito nos fins de semana, quando há menos movimento no campus. Depois, as melhores fotos são selecionadas e é feita a identificação das espécies por meio de consultas a catálogos, livros e sites de taxonomia. As informações obtidas são organizadas em fichas descritivas e disponibilizadas na internet. Segundo Oliveira e Daniele, a tarefa mais difícil é fotografar os animais. "Há muitas espécies que já observamos no campus, mas ainda não conseguimos fotografar", conta ele. Entre essas espécies estão teiús (os maiores lagartos brasileiros), cobras d'água, gambás e três espécies da família dos papagaios.


Ao procurar um modelo para as fichas descritivas, os pesquisadores levaram em conta que estas deveriam ser completas sem trazer, entretanto, excesso de informação. Além disso, a linguagem deveria ser acessível. O modelo escolhido apresenta seis tópicos - nomes populares usados em diferentes regiões, nome científico, hábitos alimentares, dados ecológicos (ambiente preferido pelas espécies), curiosidades e locais onde podem ser vistos dentro do campus. Quatro espécies já têm suas fichas disponíveis no site do museu virtual Invivo: a lavadeira (Fluvicola nengeta), a garça-branca pequena (Egretta thula), a lagartixa preta (Tropidurus torquatus) e o bem-te-vi (Pitangus sulphuratus). Além das fichas, os pesquisadores pretendem disponibilizar vídeos dos animais pela internet. Outra idéia é criar um roteiro de visita ecológica ao campus, para mostrar aos visitantes as trilhas onde aparecem os animais.


O terreno de Manguinhos nem sempre teve tantas árvores. Quando foi escolhida para alojar o Instituto Soroterápico Federal, em 1900, a região já havia abrigado uma fazenda e os fornos de incineração do lixo da cidade. Fotos da época mostram que a área não tinha um ambiente preservado. O maior responsável pela arborização do campus foi Henrique Aragão, presidente da Fiocruz entre 1942 e 1949. Mais informações podem ser obtidas com os autores do projeto, Miguel de Oliveira (megco@coc.fiocruz.br) e Daniele de Souza (dcriss@coc.fiocruz.br).

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