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03/04/2020

Relatório avalia Covid-19 e vulnerabilidade social no Brasil

Ricardo Valverde (Agência Fiocruz de Notícias)


O Grupo de Métodos Analíticos em Vigilância Epidemiológica (Mave), que reúne o Programa de Computação Cientíca (Procc) da Fiocruz e a Escola de Matemática Aplicada (EMAp) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), divulgou o segundo relatório a respeito do risco de disseminação da epidemia da Covid-19 no Brasil, desenvolvido a partir de modelos matemáticos. O relatório presenta nove cenários de combinação de medidas de isolamento intramunicipal (fechamento de comércio, restrição de transportes nas cidades etc) e intermunicipal (restrição nas rodovias e aeroportos), em diferentes medidas (baixa, média e alta adesão). O estudo também identifica microrregiões com alta vulnerabilidade social e maior contingente de população idosa. A combinação de um alto risco de introdução com alta vulnerabilidade se constitui em situação de alerta máximo.

As conclusões do estudo reforçam a necessidade de isolamento dentro das cidades. Se forem tomadas medidas severas de restrição de trânsito entre cidades (80% de redução do fluxo), mas com baixo isolamento intramunicipal (30% de redução), o tempo ganho no processo de interiorização da epidemia é de 20 dias em relação a poucas medidas. Quando se leva em conta o alto isolamento nas esferas intra e intermunicipais, esse tempo pode subir para até 75 dias.

Vale ressaltar que esses cenários foram construídos assumindo ausência de distanciamento social e restrição de viagens e deslocamentos que entraram em vigor, em níveis federal, estaduais e municipais. Muitos municípios e unidades da Federação acertadamente já iniciaram a implementação de medidas de isolamento. Tais medidas contribuem para diminuir o risco avaliado no estudo. Foram incluídos também cenários de redução da mobilidade intermunicipal e interação social para avaliação de impacto.

O grupo preparou ainda mapas sobre o processo de disseminação e interiorização da Covid-19 pelo Brasil, a partir de Rio de Janeiro e São Paulo, levando em conta a malha aérea do país e a mobilidade pendular entre cidades. Segundo o coordenador do estudo, Marcelo Gomes, da Fiocruz, “já estamos iniciando o processo mostrado no mapa 2. O relatório também analisa a vulnerabilidade por microrregião, de acordo com porcentagem da população acima de 60 anos e leitos por 10 mil habitantes. O mapa 3 mostra as regiões mais vulneráveis, enquanto o mapa 4 combina esses dados com a probabilidade de epidemia”.

O grupo também é responsável pela divulgação do sistema Infogripe, que revela aumento dos casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) acima do comum para o período (que teve ampla divulgação na mídia). E está trabalhando no momento em produzir relatórios detalhados por estados.

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