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17/12/2018

Relatório sobre migração e saúde será lançado em Salvador

Raíza Tourinho (Cidacs/Fiocruz Bahia)


Uma a cada sete pessoas saiu de seu local de origem em 2018. Com um bilhão de pessoas em movimento, mais do que um fenômeno isolado a migração é uma realidade global. E urge que governos, agências multilaterais, organizações não-governamentais e pesquisadores compreendam o impacto da migração para que ações transversais sejam pensadas para esta parcela da população. É o que defende a Comissão UCL-Lancet em Migração e Saúde, que lançou um relatório sobre o tema em 8 de dezembro, na Conferência Intergovernamental da ONU, em Marraqueche.

No Brasil, o lançamento ocorre nesta segunda-feira (17/12), às 17h, na Reitoria da Universidade Federal da Bahia (Ufba), em Salvador (BA). O evento será conduzido pelo membro da Comissão Mauricio Barreto, professor da Ufba e coordenador do Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia).

Além de Barreto, estão previstas para o lançamento curtas apresentações do reitor da Ufba, João Carlos Salles; do presidente da Academia de Ciências da Bahia (ACB), Jailson Andrade; da assessora de comunicação e divulgação científica da Ufba, Mariluce Moura; e das pesquisadoras do Cidacs Júlia Pescarini e Dandara Ramos. O evento, promovido pelo Cidacs em parceria com University College London (UCL) e o periódico científico The Lancet, tem o apoio da Academia de Ciências da Bahia e da Ufba.

A Comissão é o resultado de um projeto de dois anos, liderado por 20 especialistas de 13 países e inclui a análise de dados novos, com dois artigos originais de pesquisa e representa a mais abrangente revisão da evidência disponível até a data. O relatório ainda inclui recomendações para melhorar a resposta em saúde pública em relação à migração.

Comissão

Mitos sobre migração e saúde – incluindo a que os migrantes são portadores de doenças e são um fardo quanto aos serviços – são universais e prejudiciais para os indivíduos e a sociedade. A normalização desses mitos no discurso popular permitiu que os governos introduzissem políticas restritivas e hostis em muitos países ao redor do mundo – incluindo a detenção de imigrantes nas fronteiras dos Estados Unidos e a negação do tratamento aos migrantes no serviço de saúde do Reino Unido.

Proteção e custo de saúde pública são frequentemente usados como razões para restringir o acesso dos imigrantes aos cuidados de saúde, ou negar-lhes a entrada. Ainda assim, como a nova Comissão UCL-Lancet sobre migração e saúde estabelece com análise e novos dados internacionais, os mitos mais comuns sobre migração e saúde não são apoiados pela evidência disponível e ignoram a importante contribuição da migração às economias globais.

“O discurso populista demoniza os mesmos indivíduos que defendem as economias e reforçam a assistência social e os serviços de saúde. Questionar o merecimento dos migrantes à assistência à saúde com base em crenças imprecisas apoia práticas de exclusão, prejudicando a saúde dos indivíduos, de nossa sociedade e de nossas economias”, diz o  presidente da Comissão, professor da UCL Ibrahim Abubakar.

“A migração é a questão definidora do nosso tempo. A forma como o mundo aborda a mobilidade humana determinará a saúde pública e a coesão social por décadas adiante. A criação de sistemas de saúde que integrem populações migrantes beneficiará comunidades inteiras com melhor acesso à saúde para todos e ganhos positivos para as populações locais. Não fazê-lo poderia ser mais caro para as economias nacionais, a segurança da saúde e da saúde global do que os investimentos modestos necessários para proteger o direito à saúde dos migrantes, e garantir que os migrantes podem ser membros produtivos da sociedade”, complementa.

O editor do The Lancet, Richard Horton, acrescenta: “Em muitos países, a questão da migração é usada para dividir as sociedades e avançar uma agenda populista. Com um bilhão de pessoas em movimento hoje em dia, as populações em crescimento em muitas regiões do mundo, e as aspirações crescentes de uma nova geração de jovens, a migração não vai desaparecer. Os migrantes costumam contribuir mais para a economia do que custam, e como nós moldamos a sua saúde e bem-estar hoje vai impactar nossas sociedades para as gerações vindouras. Não há problemas mais urgentes na saúde global". 

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