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16/12/2005

Sistema ajudará a prever deslizamentos no Recife

Bruna Cruz


Localizar áreas sujeitas a deslizamentos e inundações e com ocorrência de doenças como a filariose, o dengue e a leptospirose, levando-se em conta a localização espacial dos casos e a densidade de vetores em relação à altitude. Essas são algumas das funções do Sistema de Informação Geográfica (SIG) que o Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães (CPqAM) desenvolve em parceria com os departamentos de Geologia e Engenharia Cartográfica da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) para o Programa Guarda-Chuva da Comissão de Defesa Civil (Codecir) da Prefeitura do Recife. A ferramenta deve ser utilizada pela administração municipal a partir do primeiro semestre de 2006.


O SIG pode ampliar a capacidade de monitoramento e prevenção de acidentes nos morros da capital pernambucana por integrar, num sistema de visualização em três dimensões, imagens de satélite, bases de dados e imagens de logradouros. "Além de melhor instrumentar a equipe da Codecir, o sistema permitirá o desenvolvimento de modelos que ajudem a identificar a possibilidade de acidentes, em função das inclinações das encostas, contribuindo para a segurança da população", comentou a coordenadora-geral da Comissão, Nina Macário.


A nova ferramenta deve auxiliar na identificação de pontos críticos, onde medidas de prevenção/contenção ainda não foram tomadas, e de um panorama das áreas em que praticamente não há possibilidade de acidentes. A Codecir poderá, por exemplo, indicar locais para instalação de lonas plásticas que já receberam muros de arrimo e sistemas de drenagem.


Sob o gerenciamento da comissão, o SIG permitirá a incorporação de dados do Sistema de Informações sobre Agravos de Notificação (Sinan), do Sistema de Informações de Mortalidade e do Sistema de Informações do Programa de Agentes de Saúde Ambiental (ASA)/Programa Guarda-Chuva. "A relação desse conjunto de dados possibilitará estudar padrões de distribuição geográfica de doenças e agravos e sua relação com fatores socioambientais de risco", comentou Wayner Souza, coordenador do projeto e pesquisador do Departamento de Saúde Coletiva do CPqAM.


No futuro, o sistema tornará possível referenciar um "leque" de doenças e agravos, entre outras informações, de interesse para a área de vigilância em saúde. Paralelamente a essa implantação, será desenvolvido um aplicativo para consulta das informações e dos mapas via internet.


O SIG tem financiamento do Programa de Desenvolvimento e Inovação Tecnológica em Saúde Pública (PDTSP) da Fiocruz, cujo objetivo é transferir tecnologia para o Sistema Único de Saúde (SUS). "Lidamos com o problema acontecendo dia após dia e precisamos dar respostas imediatas à população. Parcerias como essa, entre instituições de pesquisa e órgãos públicos, contribuem para que, de fato, a tecnologia esteja a serviço da comunidade", ressaltou Nina.




SIG é usado para monitorar mosquito do dengue


O Sistema de Informação Geográfica (SIG) já está sendo utilizado na investigação da dinâmica de distribuição espacial e temporal da população do Aedes aegypti, mosquito transmissor do vírus do dengue. Esse trabalho, que visa desenvolver um modelo intensivo de controle do vetor sem a utilização de inseticidas químicos, envolve pesquisadores do CPqAM, do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe) e de outras instituições do país.


Com a ferramenta aplicada no Sistema de Apoio Unificado para Detecção e Acompanhamento em Vigilância Epidemiológica (Saudavel), os pesquisadores podem gerar um aplicativo que mostra as ovitrampas (armadilhas especiais para insetos) instaladas em cinco bairros do Recife (Brasília Teimosa, Engenho do Meio, Dois Irmãos, Casa Forte/Parnamirim e Morro da Conceição/Alto José do Pinho) e um na cidade de Moreno, áreas do projeto, localizando-as em um mapa com três dimensões.


"Já podemos começar a analisar, por exemplo, se a altitude, nos níveis que temos no Recife, tem alguma influência na densidade do vetor", explicou Wayner Souza. O sistema associa bases de dados cartográficas diretamente a imagens do ambiente onde estão instaladas

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