05/12/2013
Haendel Gomes
Seguindo o lema de desenvolver um trabalho contínuo para conseguir a melhor acessibilidade – e ainda passando por uma reformulação com lançamento previsto para janeiro de 2014 –, o portal da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz) conquistou o mais importante prêmio de acessibilidade do país: o MAQ de Acessibilidade na Web – Todos@Web. Lançado em 2012 pela W3C Brasil e pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil, o prêmio inclui em seu título uma homenagem a Marco Antônio de Queiroz, criador do site Bengala Legal e um dos maiores nomes do setor no país, morto em julho deste ano. A COC venceu ainda na subcategoria Governamentais (de projetos web e serviços de órgãos públicos). O anúncio foi feito na terça-feira (3/12), no Auditório da Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência – Memorial da Inclusão, em São Paulo. Além de dois troféus, a unidade recebeu R$ 5 mil pela conquista do primeiro lugar.
O objetivo da premiação é conscientizar os desenvolvedores sobre a importância de criar páginas acessíveis a todos, homenagear e reconhecer publicamente as ações e autores que tornam a experiência de navegar na internet mais inclusiva
De acordo com a W3C Brasil, organizadora da premiação e representante no país do consórcio que desenvolve os padrões da web, o indicador de conformidade aos padrões de acessibilidade de páginas de sítios dos órgãos públicos brasileiros alcança a baixíssima média de 2% do total de mais 6 milhões de páginas analisadas. O objetivo da premiação é conscientizar os desenvolvedores sobre a importância de criar páginas acessíveis a todos, homenagear e reconhecer publicamente as ações e autores que tornam a experiência de navegar na internet mais inclusiva. “É uma honra e uma responsabilidade muito grande receber o prêmio. Estou nas nuvens!”, comemora Carolina Sacramento, técnica em saúde pública e responsável pela coordenação do desenvolvimento da acessibilidade do portal. No início da apresentação do projeto, ela fez questão de ressaltar o trabalho em equipe, envolvendo a arquitetura da informação, o design de interface, a gestão de conteúdo e a tecnologia da informação (TI); cada um em sua área de atuação com importante participação no projeto. Outro aspecto fundamental para a conquista inédita, na opinião de Carolina, deve-se à “direção estar sensibilizada e acreditar” no projeto.
Segundo Carolina, antes da premiação, alguns aspectos foram apresentados aos jurados, seguindo recomendações para melhorar a acessibilidade do usuário. A desenvolvedora disse que o site passou por três importantes momentos, até o anúncio final. O primeiro refere-se à análise do portal, em que são escolhidas até sete páginas para avaliação, com o propósito de validar os códigos aplicados; o segundo momento envolveu os jurados, especialistas que avaliam a acessibilidade e a usabilidade, incluindo a qualidade do design da página. Nessa etapa, 66 inscritos participaram, sendo que 19 foram até à final, em diversas categorias. Em seguida, os jurados deram duas semanas aos participantes para que fossem feitos ajustes de acordo com as recomendações para melhoria da acessibilidade dos sites inscritos. No terceiro e último momento, os finalistas fizeram a defesa antes da cerimônia de escolha dos vencedores, em São Paulo. Em 15 minutos de apresentação, Carolina Sacramento defendeu as ações visando a acessibilidade do portal da COC. Encarando como desafio melhorar a acessibilidade para deficientes visuais, ela conta que se sentiu surpresa, ao mesmo tempo que teve grande satisfação, ao ouvir de um jurado cego que “uma coisa boa do site era a descrição das imagens”.
"Ganhar um prêmio é sempre muito bom, ganhar dois é melhor ainda! O que falar sobre ser premiado duplamente por um produto que tem como premissa ampliar a acessibilidade na web, e pela maior premiação nacional no tema? Todo prêmio é também revestido de uma aposta e de um compromisso, e esses, claramente, apontam para investirmos ainda mais na acessibilidade, e não só na web. Disso tudo ficam: o reconhecimento de que a Casa de Oswaldo Cruz teve a visão certa em trilhar esse caminho, o empenho e a capacidade das áreas de informação e comunicação da unidade em prol desse princípio, em especial a dedicação e inspiração de Carolina Sacramento, e a aspiração de que a nova versão da home do portal possa dizer ainda mais o porquê de termos sido premiados", disse vice-diretor de Informação e Patrimônio Cultural da COC, Marcos José de Araújo Pinheiro.
Para Carolina Sacramento, que estudou Informática e Tecnologia da Informação, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), sua inspiração para o trabalho desenvolvido na COC foi o vídeo Acessibilidade na web: custo ou benefício?, de Marco Antônio de Queiroz. “Ele era um programador cego”, lembra. Segundo Carolina, MAQ – como era conhecido – também foi responsável pela criação de uma importante lista de discussão sobre acessibilidade na internet. Ela lembra que Leda Spelta (psicóloga, programadora, analista de sistemas) e toda equipe da Acesso Digital (consultoria contratada pela COC em diversos momentos do projeto do portal) foram colaboradores importantes.
O portal
O portal da COC foi lançado em 2010 com a finalidade de integrar em um único ambiente soluções que confiram transparência no relacionamento com a sociedade, auxiliem a unidade da Fundação na gestão e tomada de decisão, incrementem o acesso aos produtos e serviços institucionais e desenvolvam a comunicação e interação com os públicos de interesse. Ele foi desenvolvido na ferramenta Joomla! – um dos principais sistemas de gestão de conteúdo de código aberto da atualidade. A nova versão do portal vai incluir uma nova linguagem (HTML5), mudanças relacionadas às cores (aperfeiçoamento do contraste), inclusive do texto, permitindo melhor acessibilidade ao usuário.
De acordo com Carolina, seu foco sempre foi a acessibilidade, desde 2008, quando a iniciativa da COC voltada à web era coordenada por Paula Xavier dos Santos, atualmente na Coordenação de Informação e Comunicação da Vice-Presidência de Ensino, Informação e Comunicação (VPEIC) da Fiocruz. Ela lembra que, mesmo não tendo mudado radicalmente a estrutura do portal, foram feitas mudanças (no rodapé aberto que mostra toda a navegação, como se fosse um mapa do site, e a criação de uma nova área de Divulgação Científica), mas sempre respeitando a acessibilidade. Carolina acrescenta que 40% dos problemas apontados nas análises dos jurados da premiação já foram resolvidos e que os 60% restantes estarão solucionados na nova versão do portal. “O prêmio serve para motivar o desenvolvimento web com acessibilidade, que tem aumentado, mas ainda está muito longe do ideal”, ressalta. Quanto à edição do próximo ano, se o regulamento permitir, avisa: “a equipe pode participar!”.
Resultado do prêmio
Categoria Pessoas / Instituições
1º Lugar Leda Spelta
2º Lugar Hudson Augusto Lima - Projeto NAVEgantes da informação
3º Lugar Apoio de Aula - Repositório de Material Online por Carlos Rafael
Gimenes das Neves
Projetos Web – Prêmio MAQ de Acessibilidade na Web
1º Lugar Portal da Casa de Oswaldo Cruz
2º Lugar Reclamações Procon
3º Lugar Studio Pilates Potirendaba
Projetos Web
Categoria Governamentais
1º Lugar Portal da Casa de Oswaldo Cruz
2º Lugar PCD Legal
3º Lugar Novo Portal da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República
Categoria Serviços / E-commerce
1º Lugar Reclamações Procon
2º Lugar Brasilleiro - Plataforma para portais de prefeituras e câmaras de vereadores
3º Lugar Projeto Pró Reabilitação
Categoria Institucionais / Entretenimento / Cultura / Educação / Blogs
1º Lugar Studio Pilates Potirendaba
2º Lugar Site Modelo de Acessibilidade Virtual
3º Lugar RECO - Reconstrução Coletival
Aplicativos e Tecnologias Assistivas
1º Lugar Mouse Acessível
2º Lugar AWMo: Acessible Web Modeler
3º Lugar aria-check