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14/12/2009

Novo laboratório buscará referências na internet para pesquisa em saúde

Informe Ensp


"O acesso às informações na internet pode ser um aliado, mas também atrapalhar um tratamento de saúde, pois potencializa o autocuidado dos usuários dos serviços", afirmou o pesquisador André Pereira, do Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), na inauguração do Laboratório Internet, Saúde e Sociedade (Laiss), que tem como objetivo indicar sítios eletrônicos que possam servir de referência na área da saúde, ajudando os pacientes a se informarem corretamente sobre as doenças. Além de André, o projeto é coordenado por Luis David Castiel e Maria Cristina Rodrigues Guilam, ambos pesquisadores da Ensp, e funcionará em parceria com o Comitê para a Democratização da Informática (CDI).


 Pereira: a internet tem potencial para interferir na relação do homem com seu corpo, sua saúde e o ambiente em que vive (Foto: Carolina Evaristo/Ensp)

Pereira: a internet tem potencial para interferir na relação do homem com seu corpo, sua saúde e o ambiente em que vive (Foto: Carolina Evaristo/Ensp)


Para a criação desses indicadores referenciais em saúde, Cristina Guilam contou que, "o Laiss trabalhará integrado ao Centro de Saúde Escola para receber pacientes que o serviço achar relevante, como grupos de portadores de doenças crônicas específicas, como diabetes e hipertensão, grupos de idosos, entre outros. A ideia é que essas pessoas adquiram conhecimentos e ferramentas para lidar com a internet e aprendam a buscar informações de qualidade sobre a sua doença. São muitas informações de todos os tipos, por isso é tão importante fazer essa triagem e indicar sites confiáveis para a população", comenta.


Segundo André Pereira, o Laboratório possibilitará o acesso à informação na internet pelo usuário dos serviços de saúde. Ele destacou que, "a princípio, eles aprenderão a usar a ferramenta para depois nos ajudar a fazer uma avaliação das informações sobre saúde encontradas nas páginas eletrônicas. Queremos avaliar a legibilidade, ou seja, como as pessoas entendem as informações disponíveis nos sites; o conteúdo, que é a qualidade das informações disponíveis; e a navegabilidade, que é a maneira como as informações estão disponíveis no site etc. O objetivo é construir uma relação qualificada de indicações de sites em português recomendados".


O pesquisador apontou que essa quantidade exacerbada de informações pode acarretar muitos problemas para a área de saúde. "Antes, tínhamos um modelo de comunicação em que um emissor falava para vários receptores. Agora, principalmente com a chegada da internet, muitos emissores falam para muitos receptores. Entender essa mudança de paradigma da comunicação é fundamental. Temos uma enorme quantidade de informações sem a certeza de sua procedência. Nesse sentido, a internet tem potencial para interferir na relação do homem com seu corpo, sua saúde e o ambiente em que vive. Por isso, o acesso à pesquisa pode ser um aliado, mas também atrapalhar um tratamento e até matar um paciente, pois potencializa o autocuidado dos usuários de serviços de saúde", diz Pereira.


O coordenador regional do Comitê para a Democratização da Informática (CDI) do Rio de Janeiro, José Edimilson Canaes, que no projeto do Laiss terá o papel de formar e supervisionar instrutores para o Laboratório, além de dar orientação pedagógica a eles, disse que, em seus cursos, o Comitê usa uma metodologia de educação focada na recuperação da cidadania. "A parceria é uma grande iniciativa na área da saúde. Busca dar poder ao usuário, possibilitando assim a busca por uma melhor qualidade de vida", diz Canaes. A vice-diretora de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico da Ensp, Margareth Portela, afirma que informar e dividir decisões com o paciente potencializa o processo de atenção e cuidado. Para ela, "o incentivo à busca qualificada na internet pelos usuários é uma importante iniciativa e tem grande potencial".


O coordenador de Projetos Sociais da Fiocruz, José Leonídio Madureira, afirma que existe uma grande lacuna entre a informação e a questão da tecnologia, do acesso à ferramenta por parte dos usuários, principalmente das pessoas moradoras de áreas pobres, como os pacientes do Centro de Saúde Escola, que são prioritariamente moradores de Manguinhos. "A ferramenta, quando bem utilizada, gera conhecimento para a população. O desafio é estimular a articulação de uma rede entre os moradores e os diversos atores, fortalecendo a busca pela qualidade de vida também por meio da participação social", afirma Madureira.


Publicado em 11/12/2009.

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