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01/08/2022

OMS e Fiocruz debatem atuação em hub de inteligência epidemiológica

Agência Fiocruz de Notícias (AFN)


Uma parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS) que começou a se desenhar em março deste ano foi a um passo além na última sexta-feira (29/7). Se quatro meses atrás o diretor-geral assistente da Divisão de Inteligência e Sistemas de Vigilância de Emergências da Saúde da OMS, Chikwe Ihekweazu, trouxe a proposta de a Fiocruz participar do Hub de Inteligência Epidêmica e Pandêmica que a Organização está montando em Berlim, desta vez o diretor do Departamento de Informação de Emergência em Saúde e Avaliação de Risco, Oliver Morgan, esteve na Fundação para discutir como essa atuação conjunta seria. A ideia é que a Fundação possa compartilhar sua experiência e servir de ligação com outros países da região e de língua portuguesa na África.

Diretor da OMS esteve na Fundação para discutir atuação conjunta em Hub (foto: Fiocruz)

 

Acompanhado por Julie Fontaine, coordenadora de Epidemiologia, e Raquel Medialdea, coordenadora de treinamento, ambas da Inteligência Epidêmica de Fontes Abertas (EIOS, na sigla em inglês), Morgan conversou com integrantes da Fundação em quais campos e de que forma essa parceria pode ser construída. A EIOS é uma iniciativa liderada pela OMS que reúne diversos setores e por meio da qual o Hub pretende oferecer soluções integradas e uma abordagem unificada a ameaças à saúde sob a perspectiva da One Health. 

“Com a pandemia de Covid-19 aprendemos que todos os países enfrentam desafios semelhantes quando se trata de vigilância em saúde pública. A Fiocruz tem muita expertise nessa área. Acredito que trabalhar como parceira no Hub será uma grande oportunidade para a Fundação compartilhar essa experiência com países tanto nesta região quanto em outras partes do mundo”, disse Morgan.

Possíveis áreas de trabalho

Oliver Morgan está à frente do Hub, que responde à Divisão de Vigilância comandada por Chikwe Ihekweazu. Na visita à Fiocruz, no Rio de Janeiro (RJ), Morgan conheceu o Castelo Mourisco, o Museu da Vida e o Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC). No entanto, foi na sala de reuniões do Centro de Relações Internacionais em Saúde (Cris) que a parceria começou a ser discutida.

O Hub busca construir parcerias com países e instituições em todo o mundo de forma a compartilhar dados, desenvolver ferramentas analíticas e modelos de previsão de análise de riscos. A ideia é que estes dados possam ajudar especialistas em saúde e autoridades a detectar ameaças e a tomar decisões mais rapidamente diante de emergências.

Proposta é a Fiocruz participar do Hub de Inteligência Epidêmica e Pandêmica que a OMS está montando em Berlim (foto: Fiocruz)

 

Na reunião, o vice-presidente de Gestão e Desenvolvimento Institucional, Mario Santos Moreira, demonstrou o interesse de a Fiocruz participar não apenas como um centro colaborador, mas também como um ator global, levando a experiência construída em seus  vários campos de atuação em 122 anos. A vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação, Cristiani Vieira Machado, destacou as várias áreas em que a Fiocruz poderia atuar, da educação à geração de dados. “Um debate é como integrar a vigilância e a saúde pública”, pontuou Cristiani, ressaltando a necessidade de que informações se traduzam na adoção de estratégias.

A chefe do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo, Marilda Siqueira, contou como a Fiocruz responde hoje por boa parte do sequenciamento genético do Sars-CoV-2 no país. Ela alertou para as dificuldades no compartilhamento de informações, em que posturas colaborativas esbarram em outras mais competitivas, enquanto o pesquisador do Instituto Gonçalo Moniz (Fiocruz Bahia), Manoel Barral, relatou alguns dos estudos desenvolvidos, como os que correlacionam dados sociais e saúde. Para Morgan, o Hub funcionará também como uma plataforma que servirá de diálogo para esses compartilhamentos. “O compartilhamento é um grande desafio. Os países têm diferentes políticas”, observou o líder do Hub.

Pesquisador sênior do Cris/Fiocruz, Luiz Augusto Galvão destacou os trabalhos conjuntos da Fundação com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). Ele ressaltou a possibilidade de trabalhar para aumentar a capacidade de pesquisa de outros países, lembrando a necessidade de mecanismos legais para isso.

Hub da OMS busca construir parcerias com países e instituições em todo o mundo de forma a compartilhar dados, desenvolver ferramentas analíticas e modelos de previsão de análise de riscos (foto: Fiocruz)

 

A reunião teve ainda as participações do pesquisador do Programa de Computação Científica (Procc) Daniel Villela, que trouxe a experiência do InfoGripe; do representante do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, Hugo Boechat, que falou sobre a experiência do INI diante da pandemia de Covid-19; além do coordenador adjunto do Cris, Pedro Burger; do assessor do Gabinete da Presidência, Valber Frutuoso; e da assessora da Presidência, Luana Bermudez.

Ao fim, foram exploradas três possíveis áreas de atuação. A primeira compreenderia a cooperação com os diferentes campos de atuação e projetos da Fundação. Uma segunda incluindo o desenvolvimento de metodologias, campo em que a Fiocruz tem forte experiência. E uma terceira abrangendo capacitação de países latino-americanos e africanos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Morgan deve dar um retorno a Chikwe Ihekweazu sobre a visita para que novas conversas sigam adiante.

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