07/04/2010
Eloi Garcia*
Os novos modelos de desenvolvimento industrial são complexos e dependentes de capital físico (infraestrutura científica e tecnológica, como parques tecnológicos, laboratórios, equipamentos e manutenção) e humano (cientistas, tecnologistas e técnicos bem preparados), responsáveis pela inovação e produtividade. O capital humano determina o nível científico, do conhecimento e de produção de novas ideias. Ele é independente do capital físico que, para ser criado, depende de recursos financeiros investidos pelo Estado ou pela empresa. Do capital humano surge a inovação, que reflete na produtividade com novos produtos, serviços e processos.
Inovar não é somente utilizar alta tecnologia, é também a capacidade de colocar um produto já conhecido, tornando-o de qualidade melhor e mais barato do que concorrente. Inovar é a capacidade de chegar a um futuro planejado de maneira clara e produtiva. O conceito de inovação deve ser ampliado para a inovação social, aquela que desenvolve o bem estar da sociedade.
A inovação não é espontânea, não nasce do nada. Ela requer uma estratégia política convincente de Estado, não de governo, e depende da educação, ciência e tecnologia e da relação público-privada. É fundamental para a inovação um forte planejamento que estabeleça as "regras do jogo" e fomente a produtividade nas indústrias.
Esta política envolve desenvolvimento de estratégias inovadoras produtivas com o objetivo de colocar foco em ciência e tecnologia e pensar na formação de técnicos, tecnologistas e cientistas de alto padrão. A formação de recursos humanos deve ser incrementada nas escolas e universidades e, finalmente, nos parques tecnológicos e de inovação que várias universidades e estados desenvolvem.
A ciência e a inovação são a base da economia moderna em todos os setores. Causam impactos aos que se dedicam a preparar novos materiais, a desenvolver novos sistemas de energia, ou construir robôs, ou desenvolver novos fármacos, medicamentos e vacinas, e tudo mais. Isto é somente a ponta do iceberg.
Na área empresarial só se fala em inovação, a competitividade está na moda em todos os países. As empresas não devem contratar somente um projeto ou um produto ou processo, mas sim seu potencial inovador. As indústrias inovadoras nascem e vivem do desenvolvimento de patentes e são as principais geradoras de empregos em vários países.
A política de Estado na inovação deve favorecer a internacionalização da pesquisa, do desenvolvimento tecnológico, orientar o progresso social e produtivo e impulsionar a cultura científica e tecnológica através de publicação científica, patentes de produtos e processos e divulgação para a sociedade da ciência realizada no país. Deve-se ter sempre em mente a frase do premio Nobel de Economia Robert Solow: "80% do desenvolvimento econômico são obtidos pela utilização de novas tecnologias e inovações".
*Eloi Garcia é ex-presidente da Fiocruz e pesquisador.
Publicado em 7/4/2010 (e originalmente publicado no Jornal da Ciência, em 6 de abril de 2010).