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27/03/2020

Fiocruz promove coletiva para comunicadores populares

Ricardo Valverde (Agência Fiocruz de Notícias)


A Fiocruz promoveu, nesta quinta-feira (26/3), uma entrevista coletiva virtual de dois de seus pesquisadores com comunicadores populares do Rio de Janeiro. O objetivo do encontro foi o de disseminar informações e esclarecer dúvidas sobre prevenção ao novo coronavírus em favelas, visando qualificar e fortalecer as ações de comunicação que já são feitas nos territórios das comunidades cariocas. Segundo a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, responsável por abrir a coletiva, “o momento é de troca e de pensarmos juntos como lidar com a pandemia em um país continental e tão desigual quanto o Brasil, no qual há imensas áreas superpopulosas e com uma infinidade de carências”.

Assita a coletiva na íntegra. 

 

A presidente disse ainda que encontros como o desta quinta-feira “não são feitos para ensinar, mas para transformar o conhecimento científico e construir, coletivamente, melhores formas de proteção da sociedade”. Nísia afirmou que levaria à reunião do Conselho Deliberativo (CD) da Fiocruz os principais apontamentos levantados na coletiva. “Precisamos manter o isolamento físico, mas não o social. E pensar, juntos, como enfrentar esta situação e adotar medidas que contem com a adesão de todos”. Para a dirigente da Fiocruz, “o momento requer mais política de Estado e mais transferência de renda para a sociedade”.

Para a dirigente da Fiocruz, “o momento requer mais política de Estado e mais transferência de renda para a sociedade” (imagem: Divulgação)
 
 

Em seguida à abertura da presidente, o coordenador de Vigilância em Saúde e de Laboratórios de Referência da Fiocruz, Rivaldo Venâncio, fez uma rápida intervenção. Segundo ele, o país “vive um apartheid social, com uma desigualdade histórica, construída por séculos de exclusão dos mais pobres”. Venâncio também disse que “a realidade das comunidades é completamente diferente da vivida por pessoas de classe média, e por isso é esta população que precisa apontar suas necessidades e carências, mostrando sua realidade”.

Venâncio dividiu a mesa com o médico e infectologista André Siqueira, pesquisador do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz) e diretor da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBMT). Eles ficaram à disposição dos representantes de jornais, rádios, sites e blogs de comunidades cariocas para responder perguntas e tirar dúvidas sobre a pandemia de Covid-19. Siqueira disse que “o momento é difícil e as medidas que devemos seguir nos colocam diante de um desafio, que precisamos enfrentar com inovação”. Otimista, ele afirmou que “vamos sair renovados dessa crise, cuidando mais das vidas de cada um, sobretudo dos mais necessitados”. A mediação da coletiva foi feita pela coordenadora do Canal Saúde, Marcia Correa e Castro.

De acordo com o coordenador de Cooperação Social da Presidência da Fiocruz, Leonídio Madureira, “a coletiva para comunicadores populares é uma importante iniciativa e integra uma estratégia que está em desenvolvimento na instituição, para ampliação do diálogo com as favelas e periferias brasileiras neste momento de crise sanitária. Inicialmente estamos articulados com organizações das favelas da Maré e de Manguinhos para uma campanha de comunicação para prevenção à Covid-19, mas esperamos alcançar outros territórios como esses em todo o Brasil”.

O objetivo do encontro foi o de disseminar informações e esclarecer dúvidas sobre prevenção ao novo coronavírus em favelas (imagem: Divulgação)

 

Para Madureira, “a Fiocruz acredita que o seu papel é o de aproximar as lideranças e atores sociais locais dos pesquisadores e especialistas da instituição e assim promover a comunicação pública feita ‘com’ e não ‘para’ as favelas, em linguagem condizente e aspectos concretos da realidade vivida nessas localidades”. Ele acrescentou que a Fiocruz instalou uma Sala de Situação para tratar das interfaces entre pobreza, favelas e Covid-19 com o objetivo de subsidiar a direção da instituição nas decisões voltadas para essas populações.

Dicionário de Favelas

A equipe do Dicionário de Favelas Marielle Franco também está comprometida com o enfrentamento ao novo coronavírus nas favelas e periferias. Com o objetivo de visibilizar algumas das demandas específicas que as favelas têm diante da emergência de saúde pública causada pela pandemia de Covid-19, a plataforma coletou e disponibilizou informações e mantém-se aberta para reunir conteúdos que sejam relevantes para os territórios e sua população.

O dicionário, editado em formato Wiki na internet, publicou três seções sobre o assunto, trazendo algumas iniciativas de coletivos locais de coleta de alimentos, itens de higiene pessoal, água mineral ou doações. Conheça as iniciativas comunitárias já cadastradas com ações relativas ao combate ao coronavírus: Iniciativas de Apoio, Notícias e Relatos, Artigos e Notas.

Dicionário de Favelas Marielle Franco publicou quatro novas seções com o objetivo de visibilizar as ações de comunicação e informação realizadas nas periferias (foto: Raquel Portugal, Icict/Fiocruz)

 

O Dicionário de Favelas Marielle Franco é uma plataforma virtual de acesso público para a coleção e produção de conhecimentos sobre favelas e aberta a diversas colaborações, com o apoio do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde (Icict/Fiocruz). Para saber mais, acesse aqui.

As perguntas feitas aos dois especialistas foram enviadas pelo chat associado à transmissão, no canal da Fiocruz no YouTube. Uma equipe da Fundação sistematizou as perguntas e as encaminhou aos pesquisadores. Entre muitas outras, como garantir a higiene das mãos onde falta abastecimento de água? Como se prevenir sem dinheiro para comprar álcool gel? E aqueles que precisam sair para trabalhar? A íntegra da coletiva, com todas as perguntas dos comunicadores e as respostas dos pesquisadores, pode ser acessada aqui.

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