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07/08/2006

Alcoolismo no trabalho

por Adriana Melo


Alcoolismo no trabalho
Magda Vaissman Editora Fiocruz e Editora Garamond 220p. R$ 30,00
 

A ingestão excessiva de álcool é a terceira causa de mortes no mundo, atrás somente do câncer e das doenças cardíacas. Por isso o alcoolismo é hoje considerado um grave problema de saúde pública. No livro Alcoolismo no trabalho, publicado pela Editora Fiocruz, Magda Vaissman faz um mosaico dos trabalhos publicados sobre o alcoolismo pelos maiores especialistas mundiais no tema. A autora enumera os problemas que a doença pode acarretar no ambiente de trabalho e analisa os métodos assistenciais empregados no seu tratamento.

No Brasil, o alcoolismo é o terceiro motivo para faltas e a causa mais freqüente de acidentes no trabalho. Segundo a Associação dos Estudos do Álcool e Outras Drogas, de 3 a 10% da população brasileira fazem uso abusivo do álcool. A doença é a oitava causa de concessões de auxílio-doença e os problemas direta ou indiretamente relacionados ao uso da substância consomem de 0,5% a 4,2% do PIB.

Segundo Magda, diversos fatores podem contribuir para a tendência ao abuso crônico do álcool e de outras drogas. Fatores genéticos, biológicos, psicológicos e socioculturais interagem, em maior ou em menor grau, para a origem da dependência química. Os sintomas que compõem o alcoolismo se agravam e se intensificam ao longo da vida do doente, que a autora prefere chamar de "alcoolista" (portador da doença do alcoolismo) ao invés de alcoólatra (adorador do álcool).

A autora diz que o alcoolista inicia sua carreira como bebedor social na idade jovem. Perto dos 30 anos, evolui para a condição de bebedor pesado ou bebedor-problema, quando apresenta conseqüências físicas ligadas ao álcool (pancreatites e cirroses hepáticas). É também nessa fase que surgem problemas conjugais, sociais, legais, financeiros e de relacionamento. Usuários de álcool nesta fase também são mais propensos a acidentes de trânsito, problemas psicológicos (violência, homicídios, suicídios) e ocupacionais (afastamento, faltas ao trabalho, atrasos, problemas de relacionamento, indisciplina, queda de produtividade, acidentes de trabalho). Na segunda metade da terceira década de vida ou a partir da quarta década, tem-se instalada a síndrome de dependência alcoólica.

O alcoolismo é mais comumente encontrado em algumas ocupações, sobretudo naquelas socialmente desprestigiadas, quando as possibilidades ascensão profissional são restritas. Fatores de risco profissional em relação ao alcoolismo são a disponibilidade do álcool enquanto se trabalha, pressão social para beber, ausência de supervisão ou chefia, situações de tensão ou perigo. Condições de trabalho que produzem estresse podem induzir ao alcoolismo, como forma de aliviar a ansiedade. Profissões de alto risco de abuso de álcool são essencialmente associadas ao sexo masculino, e as de baixo risco ao sexo feminino, segundo pesquisa da universidade americana John Hopkins que analisou associações entre álcool e 101 ocupações. Mas o maior fator de risco para o alcoolismo é o desemprego.

Segundo a autora, algumas características identificam trabalhadores com problemas de alcoolismo: faltas freqüentes, especialmente em dias que antecedem ou sucedem fins de semana e feriados, atrasos após o almoço ou o intervalo, queda na produtividade, desperdício de materiais, dificuldade de entender novas instruções ou de reconhecer erros, reação exagerada às críticas, variação constante do estado emocional.

Para Magda, as empresas podem ser um local privilegiado para a implantação e desenvolvimento de programas assistenciais e programas de prevenção do alcoolismo. O livro traz um panorama dos programas de combate ao alcoolismo nos EUA, Grã-Bretanha, Austrália e Brasil. Segundo ela, o programa da Organização Mundial de Saúde (OMS) para a prevenção do alcoolismo é dirigido principalmente à população sadia, enquanto nos EUA predomina o modelo de detecção, tratamento e reabilitação das pessoas doentes.

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