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18/06/2012

Aldeia Kari-Oca reúne tribos indígenas do Brasil e do mundo na Fiocruz

Tatiane Leal


O campus Fiocruz Mata Atlântica, em Jacarepaguá, é palco da conferência indígena Aldeia Kari-Oca, que reúne índios de diversas tribos brasileiras e estrangeiras para o debate político e ambiental e a expressão cultural dos povos. Vinte anos após a sua primeira edição, realizada no mesmo local durante a Eco-92, os indígenas retornam a esse espaço entre os dias 12 e 22 de junho com o objetivo de formular um documento a ser apresentado para a Organização das Nações Unidas (ONU) durante a Rio+20 que expresse a visão e as reivindicações dos indígenas na questão do meio ambiente e desenvolvimento sustentável. Também serão realizados os Jogos Verdes Indígenas, uma competição com diversas modalidades esportivas, como arco e flecha e arremesso de lança. A conferência é organizada pelo Comitê Intertribal e tem o apoio da Fiocruz, que cedeu o espaço e realiza a administração dos recursos, e do Governo Federal, da Prefeitura Municipal e do Ministério do Esporte.


 São 360 indígenas brasileiros, hospedados no campus da Fiocruz, além de cerca de 200 indígenas estrangeiros e ativistas que também circularão pelo espaço durante a conferência. Foto: Tatiane Leal.

São 360 indígenas brasileiros, hospedados no campus da Fiocruz, além de cerca de 200 indígenas estrangeiros e ativistas que também circularão pelo espaço durante a conferência. Foto: Tatiane Leal.





Realizadas em uma grande oca montada no campus, as plenárias tiveram início na manhã do dia 14, com as cerimônias de abertura e saudações das tribos. Indígenas de 20 etnias brasileiras e tribos de países como Estados Unidos, Canadá, México, Filipinas, Japão e Bangladesh fizeram cantos e danças sob a luz do Fogo Sagrado Ancestral Indígena, aceso em ritual no dia interior, marcando o início da conferência. São 360 indígenas brasileiros, hospedados no campus da Fiocruz, além de cerca de 200 indígenas estrangeiros e ativistas que também circularão pelo espaço durante a conferência.



Na abertura, o líder indígena Marcos Terena, coordenador do Comitê Intertribal, lembrou a importância da inclusão dos direitos indígenas na pauta da Rio+20. “Precisamos da demarcação das nossas terras. Nós somos os primeiros habitantes da nação brasileira e queremos ser respeitados e lembrados como parte do futuro do país”. Terena também convocou os indígenas a lutarem pela proteção do meio ambiente. “Temos que nos unir para defender a Mãe Terra. É muito importante escutarmos seu sofrimento, pois os líderes e corporações não estão escutando.”



A economia verde, uma das principais propostas da Rio+20, foi refutada pelos líderes indígenas, que a consideram uma mercantilização da natureza. Durante as plenárias, serão esclarecidos termos e conceitos como ONU, créditos de carbono e sustentabilidade, com a promoção de debates entre as tribos para a confecção do documento final.



Conferência terá competição esportiva



Além do debate político, um grande evento esportivo e cultural fará parte das atividades da Aldeia Kari-Oca: os Jogos Verdes Indígenas. Entre as modalidades, estão desde as conhecidas arco e flecha e arremesso de lança até esportes tradicionais indígenas. Alguns exemplos são o Katukaywa, uma espécie de futebol praticado com os joelhos, dos indígenas do Parque Nacional do Xingu, no Mato Grosso, e o Ronkrã, praticado pelo Povo Kayapó, do Pará, que se assemelha a um hockey sobre a grama.



O objetivo da competição esportiva é promover a integração entre as tribos, a qualidade de vida e o bem comum. Terena afirma que a realização dos Jogos durante a Aldeia Kari-Oca busca estabelecer as bases para a realização da primeira edição dos Jogos Mundiais Indígenas. “Nossa intenção é fazê-los no ano que vem, aqui no Rio de Janeiro”, afirma.


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Publicado em 15/6/2012.

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