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07/02/2008

Apenas homens no início

Ricardo Valverde


Instalada na área (equivalente ao bairro de Copacabana) de um dos mais antigos engenhos de cana de açúcar de Jacarepaguá – conhecido inicialmente como Engenho de Nossa Senhora dos Remédios e, depois, como Engenho Novo de Jacarepaguá – a Colônia Juliano Moreira foi inaugurada em 1924. Em 1912 o governo do presidente Hermes da Fonseca desapropriou o Engenho Novo, seguindo as recomendações de se buscar um novo espaço para as atividades das colônias de alienados situadas na Ilha do Governador (Conde de Mesquita e São Bento), consideradas inadequadas. Em 1919 teve início o processo de construção da então Colônia de Psicopatas-Jacarepaguá, destinada inicialmente apenas para homens e mais tarde chamada Juliano Moreira.

 

 Pavilhão do Núcleo Ulisses Viana. Cada pavilhão tinha 60 leitos e a lotação total era de 640 pacientes
Pavilhão do Núcleo Ulisses Viana. Cada pavilhão tinha 60 leitos e a lotação total era de 640 pacientes

A nova instituição fundamentava-se em dois alicerces básicos, a praxiterapia e a assistência hetero-familiar. O tratamento hetero-familiar inspirava-se na experiência vivida pela aldeia de Geel, na Bélgica, que desde o século 17 recebia romarias de alienados. Esta afluência de doentes para a aldeia acabou fazendo com que muitos camponeses, por meio de pagamento, recebessem em suas casas os alienados e seus parentes, na época das festas religiosas, ou passassem a cuidar dos doentes que ali eram deixados pelas famílias até o ano seguinte. Ana Teresa lembra que no Brasil a assistência hetero-familiar foi proposta e incentivada por Juliano Moreira desde a década de 10 do século 20, com o objetivo de estabelecer uma colônia que previsse o contato sistemático dos doentes com pessoas sadias, com a instalação de funcionários que ajudassem a inserção dos doentes a uma vida social mínima e propiciassem um convívio doméstico.

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