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13/08/2008

Artigo aponta importância da inclusão do tema saúde mental nas metas do PSF

Renata Moehlecke


Pesquisadores do Hospital das Clínicas de Porto Alegre e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul estimaram a prevalência de transtornos mentais de humor, ansiedade e somatização (THAS) em uma comunidade atendida pelo Programa Saúde da Família (PSF) em Santa Cruz do Sul (RS) e verificaram sua associação com variáveis sócio-demográficas. O estudo apontou uma alta prevalência de 38%, resultado que pode ajudar a compreender a alta incidência de suicídios no município na última década – 4,6 vezes maior que a nacional.


 

 “Transtornos mentais causam grande impacto em termos de morbidade, prejuízos na funcionalidade e diminuição da qualidade de vida de seus portadores”, dizem os pesquisadores (Foto: Parlamento Europeu)

“Transtornos mentais causam grande impacto em termos de morbidade, prejuízos na funcionalidade e diminuição da qualidade de vida de seus portadores”, dizem os pesquisadores (Foto: Parlamento Europeu)


Participaram da pesquisa 1.122 pessoas, o correspondente a 66% da população da área maior de 14 anos, sendo 61,8% dessas do sexo feminino e a idade média geral de 35 anos. O trabalho foi conduzido entre fevereiro e dezembro de 2006 e se constituiu na aplicação de dois questionários: um sobre dados demográficos e outro intitulado SRQ-20, instrumento de rastreamento de psiquiátrico recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).


Mulheres e divorciados mostraram maiores chances de ter THAS. “As possíveis causas da associação com o sexo feminino estão por ser esclarecidas, mas parece haver uma predisposição sócio-biológica para isto, estando o sistema neuroendocrinológico e o papel social interagindo de forma a aumentar a suscetibilidade”, explicam os pesquisadores em artigo publicado na revista Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz.


Em relação à escolaridade, percebeu-se uma correlação inversa de desenvolvimento dos sintomas: quanto menor o nível de escolaridade, maior a probabilidade. “Para a variável ocupação, tomando-se como referência a categoria trabalhadores em atividade, houve maiores chances de desempregados, aposentados por invalidez ou em benefício-saúde, donas-de-casa apresentarem THAS, enquanto que não houve diferenças em relação a estudantes e aposentados por tempo de serviço”, afirmam os estudiosos.


“Transtornos mentais em geral causam considerável impacto em termos de morbidade, prejuízos na funcionalidade e diminuição da qualidade de vida de seus portadores”, comentam os pesquisadores. “Torna-se importante que as equipes de PSF estejam atentas aos aspectos de saúde mental da população atendida, a fim de que efetivamente apliquem a abordagem biopsicossocial a que se propõem, o que em última análise seria concretizado mais facilmente pela inclusão do tema nas suas metas e prioridades em nível nacional”.


Publicado em 11/08/2008.

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