No Centro de Referência Estadual de Aids (Creaids), em Salvador, pacientes com HIV/Aids são atendidos não só pelos médicos do programa, mas por farmacêuticos especializados que, em consultas individuais, fornecem orientações sobre o uso de medicamentos e as possibilidades de reações adversas e resistência do vírus. Em trabalho a ser apresentado no 2º Congresso da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) sobre DST/Aids, especialistas do Centro mostram que a estratégia aumenta a adesão ao tratamento. O evento, promovido pela Fiocruz, ocorrerá de 14 a 17 de abril, no Rio de Janeiro.
“Nossa experiência demonstra a importância desse atendimento complementar à consulta médica”, conta o farmacêutico Arivaldo Santana, um dos autores do trabalho. “A cada encontro, conversamos com os pacientes sobre o tratamento e somos os primeiros a quem o paciente procura quando desconfia de algum problema com os medicamentos”. Assim, o farmacêutico assume a responsabilidade de garantir uma farmacoterapia apropriadamente indicada, efetiva, segura e conveniente.
O estudo foi realizado com dois grupos de pacientes: um acompanhado pelos profissionais da assistência farmacêutica e outro sem a intervenção desta prática. Como resultado, 80% dos pacientes do primeiro grupo retiravam medicamentos regularmente na unidade, demonstrando adesão ao tratamento, contra apenas 13,3% do segundo grupo. “Sobretudo em pacientes carentes, que são nosso maior público-alvo, a prática da atenção farmacêutica mostra-se muito importante”, afirma Santana. “Precisamos incentivar esta tipo de atendimento”.