12/06/2008
Catarina Chagas
De acordo com Informações do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc) do Ministério da Saúde, que abrange todos os partos feitos no país, a taxa de prematuridade em Santa Catarina variou de 0,07% a 0,83% entre 1994 e 1999. Já de 2000 a 2005, os índices cresceram de 5,32% a 6,05%. Em trabalho publicado nos Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz, alunos do Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) investigaram os fatores que levaram a este crescimento. Entre eles, está a maior ocorrência de partos cesáreos.
|
Consulta médica de uma gestante (quadro de Jan Steen do século 17), da Galeria Nacional de Praga |
O estudo considerou como prematuras todas as crianças nascidas no estado em 2005 com idade gestacional de até 37 semanas, segundo informações do Sinasc. Partos de gêmeos foram excluídos da amostra, porque estes geralmente ocorrem antes das 37 semanas de gestação. Dos 82.548 nascidos vivos, 6,1% foram prematuros, taxa menor do que a encontrada no Estado de São Paulo (7,3%), porém maior do que a da cidade de Goiânia (5,5%).
Segundo o artigo, a prevalência de prematuridade foi maior entre mães com idade superior a 40 ou inferior a 20 anos. “O parto pré-termo em adolescentes pode ser considerado uma forma de resposta adaptativa à imaturidade física dessas mulheres, visando assegurar melhor prognóstico a fetos menores”, explica a orientadora da pesquisa, Karen Glazer Peres. “Já a prematuridade entre gestantes em idade avançada pode estar associada a intercorrências clínicas – como hipertensão arterial, diabetes mellitus, cardiopatia e infecção urinária – ou obstétricas, como a ruptura prematura de membranas”.
Mães que não tiveram acesso à consulta pré-natal também apresentaram maior risco de parto prematuro. Além disso, o parto cesariano também esteve fortemente associado à prematuridade. De acordo com o artigo, isso pode ser explicado pelo tempo de gravidez estimado por exames de ultra-som, que podem superestimar a idade gestacional com uma margem de erro de até três semanas.
Como crianças prematuras e com baixo peso ao nascer apresentam maior risco de mortalidade do que as crianças nascidas com duração da gestação superior a 37 semanas e peso superior a 2,5 kg, é essencial encontrar medidas para conter o aumento dos índices de prematuridade. “O incentivo à assistência pré-natal e o desestímulo à cesariana sem indicação médica poderiam contribuir com a redução dessas taxas”, afirma Karen. “Além disso, também seriam importantes políticas públicas que proporcionassem maior e melhor atenção pré-natal”.