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04/04/2013

Autismo afeta o desenvolvimento de crianças em três áreas: comunicação, socialização e comportamento

Daniela Savaget


Nesta terça-feira (2/4) é comemorado o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, decretado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2007. Nesta data, pais e profissionais procuram se unir para a conscientização do transtorno global do desenvolvimento que afeta, cada vez mais, novas crianças. Na entrevista abaixo, o neurologista do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) Adailton Pontes esclarece quais são os principais sintomas apresentados pela criança autista, em que idade eles começam a ser percebidos e quais os tratamentos existentes.


 


Transtorno de comportamento que afeta uma pessoa a cada mil, o autismo tem, pouco a pouco, saído da obscuridade. O estigma e o preconceito, porém, ainda são alguns dos desafios de quem convive de perto com o problema. Outro é a escassez de tratamentos e de profissionais especializados. Os primeiros sinais do transtorno costumam aparecer até os dois anos de vida. Dificuldade de interação social, atraso no desenvolvimento da fala e comportamento repetitivo são os principais deles. Diante dessas características, os pais não devem hesitar em procurar um especialista: o ideal é que o diagnóstico seja feito até os três anos de idade.


“Os sintomas podem variar de criança para criança. Algumas não falam quase nada. Outras falam tudo, mas têm dificuldades em usar a linguagem socialmente. Elas podem não se interessar por brinquedos. Ou então ter interesses muito repetitivos, não gostarem de mudanças de rotina. O que as liga é a dificuldade em adquirir um olhar comunicativo”, descreve Adailton Pontes.


Reabilitação


O instituto, no bairro carioca do Flamengo, é um dos espaços que fazem o diagnóstico do autismo. Mas, depois dessa primeira avaliação clínica, as crianças com o transtorno devem ser encaminhadas para tratamentos de reabilitação. “Não há tratamento medicamentoso para o autismo. Remédios só são usados diante de sintomas muito agudos, como a insônia. O mais eficaz é a reabilitação nas áreas em que a criança tem dificuldades, com o acompanhamento de um fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional e psicólogo comportamental”, esclarece Pontes, que alerta: “O diagnóstico precoce é um grande aliado na reabilitação. Muitos pediatras não identificam o problema, mesmo diante das descrições dos pais, e isso acaba atrasando o possível desenvolvimento dos pacientes.”


Também não há nenhum exame laboratorial que possa identificar o autismo. O diagnóstico é essencialmente clínico, feito a partir da observação da história de desenvolvimento e do comportamento da criança. Por isso, a primeira consulta diante de uma suspeita do transtorno dura em média uma hora. Além do Instituto Fernandes Figueira, todos os hospitais com departamentos de neurologia infantil podem fazer o diagnóstico. 


Uma boa notícia é que a procura pelo diagnóstico precoce tem aumentado nos últimos anos, afirma Pontes. Sinal de que movimentos como o do Dia Mundial de Conscientização têm surtido efeito. Resta extinguir o preconceito que ainda ronda o problema. “As pessoas identificam o autismo com o estereótipo que aparece nos filmes: crianças completamente isoladas que ficam se balançando. O autismo, porém, é algo muito complexo. Uma criança autista pode se tornar um adulto com boa qualidade de vida, inserido no mercado de trabalho”.


Publicado em 2/4/2013.

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