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29/07/2013

Banco de Materiais Educativos sobre Hanseníase disponibiliza acervo

Vanessa Sol


Doença de origem de milenar, relatada em inúmeras passagens bíblicas, a hanseníase ainda acomete silenciosamente milhares de pessoas no Brasil. Segundo dados do Ministério da Saúde, cerca de 30 mil novos casos de hanseníase são identificados todos os anos no país. Com a proposta de tornar acessível as práticas comunicativas sobre o agravo, a Fiocruz lançou o Banco de Materiais Educativos sobre Hanseníase. O projeto é fruto da tese de A palavra & as coisas: produção e recepção de materiais educativos sobre hanseníase, defendida na Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (Ensp/Fiocruz). O estudo, orientado por Simone Monteiro, chefe do Laboratório de Educação em Ambiente e Saúde do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), foi defendido por Adriana Kelly Santos em 2009.

Segundo a pesquisadora, as novas práticas discursivas da hanseníase enfatizam o tratamento e a cura da doença, priorizando explicações sobre os sinais e os sintomas, como manchas na pele, nódulos e perda de sensibilidade, para instituir uma nova imagem da doença.

 

Fazem parte do acervo de acesso livre folhetos, cartilhas, jogos, periódicos, cartões postais, dentre outros materiais desenvolvidos por instituições governamentais e não-governamentais para a difusão de campanhas de saúde pública no país. Os 276 materiais que compõem o banco foram produzidos entre 1972 e 2009, ano em que a pesquisadora defendeu sua tese. A pesquisa dos materiais no acervo eletrônico, disponível aqui, pode ser feita por temas, formatos ou estados.

De acordo com Adriana Santos, atualmente pesquisadora do Laboratório de Comunicação e Saúde (Laces) do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz), conhecer mais sobre os processos comunicativos da doença contribui para a democratização da informação e para a preservação da memória dessas práticas comunicativas. “Os materiais estão disponíveis para quem tiver o interesse de pesquisá-los, uma vez que as campanhas de saúde pública sobre a doença, que é endêmica, ainda é muita esparsa”, destaca a pesquisadora. Segundo a especialista, os materiais educativos também são de grande valia para a percepção e apropriação das campanhas pelo público. “O que se tem de processo comunicativo para a população durante esses anos em relação à hanseníase são os materiais educativos e esses materiais mobilizam a atenção das pessoas para a busca do diagnóstico”, avalia a pesquisadora.

Histórico

Assim como sua existência, o estigma da doença é também histórico. Durante o desenvolvimento da tese, a pesquisadora se dedicou, ainda, a estudar a mudança do discurso acerca da doença pelos serviços de saúde governamentais. O movimento científico, liderado por Abrahão Rotberg, no final da década de 60, tentava minimizar o estigma da doença e extinguir o isolamento compulsório nos antigos leprosários. A partir desse movimento, adotou-se, em 1976, no Brasil, a nomenclatura hanseníase em lugar da denominação lepra.

A nova prática discursiva foi adotada pelo Ministério da Saúde na época, tratando a doença não mais por aspectos negativos, mas pela perspectiva da cura. A redução do estigma facilitaria o processo de reinserção social daqueles que haviam sido acometidos pelo bacilo Mycobacterium leprae. “As novas práticas discursivas da hanseníase enfatizam o tratamento e a cura da doença, priorizando explicações sobre os sinais e os sintomas, como manchas na pele, nódulos e perda de sensibilidade, para instituir uma nova imagem da doença”, conclui a pesquisadora.

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