30/06/2021
Ana Flávia Pilar (CCS/Fiocruz)
A nova edição do Boletim Observatório Covid-19 Fiocruz, divulgada nesta quarta-feira (30/6), destaca a tendência de melhora nas taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 para adultos no Sistema Único de Saúde (SUS). O estudo também sinaliza uma queda nos índices de mortalidade, mas evidencia que o país enfrenta um alto platô de transmissão, em patamar muito superior ao observado em meados de 2020. O número de casos oscilou ligeiramentente, com queda de 0,2% ao dia, enquanto o de óbitos teve queda de 2,5% ao dia.
“É importante confrontar o comportamento das taxas de ocupação de leitos de UTI com os indicadores de incidência e mortalidade por Covid-19 nos estados e no Distrito Federal e buscar entender eventuais movimentações divergentes”, observam os pesquisadores. A dissonância observada entre o aumento nos registros de novos casos e a diminuição da mortalidade é explicada pelo avanço da vacinação no país. Hoje, a cobertura vacinal dentro dos grupos de risco, ou dos grupos prioritários, é mais ampla em relação ao restante da população.
Apenas três estados apresentam taxas de ocupação de leitos iguais ou superiores a 90%, são eles Tocantins, Paraná e Santa Catarina. Outros quinze estados, como Amazonas, Mato Grosso, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo, estão na zona de alerta intermediário, com índices variando entre 60% e 80%. Fora da zona de alerta, estão Rondônia, Acre, Amapá e Paraíba, com ocupação de leitos de UTI inferior a 60%.
No mês de abril, a curva de óbitos iniciou uma trajetória descendente, divergindo do padrão observado nos índices de transmissão, em alta desde fevereiro. O país então passou a registrar cerca de 2 mil mortes diárias. No entanto, de acordo com o estudo, esse valor ainda é considerado muito alto, o que não permite afirmar que haja qualquer controle da pandemia no Brasil. Ao mesmo tempo, os pesquisadores apontam o impacto de casos graves sobre todo o sistema de saúde e sobre toda a sociedade brasileira.
Foi verificada uma pequena redução da taxa de letalidade, dada pela proporção de casos que resultaram em óbitos por Covid-19, que agora apresenta valor igual a 2,4 %. Os números elevados de letalidade em alguns estados revelam falhas no sistema de atenção e vigilância em saúde, como a insuficiência de testes de diagnóstico, a falta da triagem de infectados e do rastreamento de seus contatos e a necessidade de identificação de grupos vulneráveis.