Caçadora de fontes

Publicado em
Catarina Chagas e Fernanda Marques
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Para escrever a história da saúde no Brasil, é preciso ir em busca de fontes variadas. Por isso, o trabalho da historiadora Dilene Raimundo do Nascimento envolve idas e vindas a museus, bibliotecas e arquivos. Em cada lugar, ela encontra as peças para compor a história de doenças como tuberculose, poliomielite, dengue e Aids. São edições antigas de jornais, cartazes de campanhas, atas de reuniões e anais de congressos que mostram o tema sob diferentes ângulos: representações sociais, o saber científico de cada época, estratégias de controle e políticas públicas, entre outros.


Ao estudar doenças relativamente recentes, Dilene lança mão de entrevistas com médicos, pacientes e familiares que vivenciam ou vivenciaram o problema. “A história oral, inicialmente, dava voz a protagonistas que não costumavam receber a atenção dos pesquisadores”, explica. Hoje, a história oral é considerada uma metodologia que permite obter várias versões de um fato, o que muito enriquece o estudo do objeto histórico. “Viajamos até a casa das pessoas, onde, em geral, somos muito bem recebidos. A maioria se emociona ao contar sua história de vida.” A coleta de um depoimento requer sucessivos encontros com o entrevistado e chega a gerar até 18 horas de gravação, material que se transforma em acervo da Casa de Oswaldo Cruz (COC), unidade da Fiocruz onde Dilene trabalha há 20 anos.