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11/05/2015

Catapora


A doença / Agente causador

A varicela, mais conhecida como catapora, é uma doença causada pelo vírus herpes zoster, que acomete principalmente crianças. Quando ocorre em adultos, a infecção tende a ser mais severa. Transmitida de pessoa a pessoa, por meio de contato direto ou de secreções respiratórias (saliva, espirro, tosse etc) e, raramente, através de contato com lesões de pele, a doença também representa risco para pacientes imunocomprometidos ou portadores de doenças crônicas, como neoplasias, Aids, dentre outras.

Também existe a possibilidade de transmissão materno-fetal do vírus, que pode levar a defeitos congênitos no bebê, especialmente no primeiro trimestre de gestação. A literatura especializada relata casos graves de varicela em neonatos quando a mãe desenvolveu a doença cinco dias antes ou até dois dias depois do parto.

Sintomas / Diagnóstico / Agravos

Normalmente, o paciente desenvolve vesículas ou bolhas, em geral, de conteúdo claro e com as bordas avermelhadas. Essas bolhas, que surgem na pele de todo o corpo, inclusive no couro cabeludo, boca e outras mucosas, aparecem em surtos (várias ao mesmo tempo) e vêm acompanhadas de febre baixa a moderada com duração média de quatro dias. Outra característica da doença é que ela é polimórfica, ou seja, o paciente tem lesões de pele em vários estágios diferentes ao mesmo tempo: vesículas com conteúdo claro, às vezes um pouco mais turvo e já com crostas secas. O diagnóstico da doença é, basicamente, clínico, embora exista a possibilidade de confirmação sorológica.

As infecções secundárias da pele são as complicações mais comuns associadas à catapora. A doença cria na pele uma porta de entrada para bactérias, que poderão causar infecções na mesma e também nas partes moles, podendo até atingir a corrente sanguínea, provocando infecções sistêmicas e invasivas. A possibilidade de pneumonite viral, causada diretamente pela catapora, também exige atenção. Crianças acima de 12 anos e adultos apresentam maior potencial para desenvolvimento dessa complicação grave. Além disso, pacientes imunossuprimidos podem apresentar doença disseminada, ter acometimento do sistema nervoso central, encefalite por varicela, entre outras complicações.

Tratamento

Nas crianças pequenas, não é indicado qualquer tratamento, nem mesmo os conhecidos banhos de permanganato, que, quando mal diluído, pode causar queimaduras na pele e acrescentar morbidade à doença. O ideal é fazer a higiene adequada da pele, com água e sabão, durante o banho habitual, e cortar bem as unhas da criança para que ela não coce as vesículas e aumenta o risco de infeccioná-las. O tratamento específico com a medicação (o aciclovir) só é indicado em adultos ou pacientes acima dos 12 anos, pois a taxa de complicação da doença costuma ser maior. Em casos específicos, quando o paciente é menor de 12 anos e tem HIV, algum grau de imunossupressão ou outra comorbidades, que faz com que ele manifeste uma varicela mais grave, também é indicado o tratamento com aciclovir. Antitérmicos são igualmente indicados e deve-se lembrar de evitar ácido acetilsalicílico e ibuprofeno. Em algumas situações, pode-se lançar mão de medicações anti-histamínicas visando conter o prurido que acompanha as lesões de pele.

Prevenção

Já existe vacina para a doença. O imunizante entrou no Calendário Nacional de Vacinação do SUS em 2013, compondo a vacina tetra viral, que também protege contra sarampo, caxumba e rubéola. De acordo com o Ministério da Saúde (MS), na rede pública, a vacina está disponível apenas para crianças com até 15 meses de idade que já tenham recebido a primeira dose da tríplice viral, o que pode reduzir cerca de 80% das hospitalizações pela doença. Além da dose que deve ser administrada ainda no primeiro ano de vida, a Academia Americana de Pediatria e a Sociedade Brasileira de Pediatria recomendam o reforço da vacina entre os quatro e seis anos de idade. Este é importante para prevenir completamente a doença, pois a dose única gera, em alguns casos, uma imunidade que não impede que a pessoa manifeste a doença, ainda que numa forma mais branda.

A vacina não tem qualquer efeito se dada em um paciente já infectado pelo vírus, pois não há risco de ter catapora mais de uma vez, salvo em raríssimas exceções. Em outros casos, após a manifestação da catapora, o vírus fica em estágio de latência, não sendo eliminado do organismo. Em razão disso, algumas pessoas, podem desenvolver, geralmente numa etapa mais avançada da vida, o herpes zoster, que é uma reativação do vírus numa outra manifestação clínica.

Não existem contraindicações para a vacina, a não ser em casos específicos, como em alguns pacientes com HIV ou outros déficits de imunidade e em mulheres grávidas. No entanto, cabe ressaltar que, se a mulher não contraiu doença na infância ou não tem certeza de sua situação imunológica, é recomendável a vacinação antes de engravidar.

Panorama geral da doença no Brasil

Segundo dados do Ministério da Saúde, no Brasil, no período entre 2000 a 2013, foram notificados 7.113 casos de varicela. A Região Nordeste notificou o maior número, com 2.097 (29,4%) dos casos, seguida pela Sudeste com 1.794 (25,2%) e pela Centro Oeste, que notificou apenas 993 (13,9%). Dentre os anos destacados, 2013 apresentou o maior número de registros, com 857 (12%) casos, e 2000, o menor, com 181 (2,5%).

Com relação à faixa etária, no período analisado, a maior frequência de casos foi entre 1 a 4 anos de idade, com 964 (13,1%). Em seguida, a faixa etária de 5 a 9 anos apresentou 855 (11,6%). O menor registro foi observado em pessoas com 80 anos ou mais: 214 (2,9%).

No mesmo período, foram registradas 3.244 internações por varicela no país. O maior número ocorreu em 2013 com 406 (12,5%). Também foram notificados 1.503 casos de óbitos por varicela, com ou sem outras complicações, com destaque para a faixa etária de 1 a 4 anos com 587 (39%). O ano de 2003 apresentou o maior número de óbitos por varicela com 160 (10,6%) enquanto que nos anos de 2009 e 2013 foram registrados os menores números, com 53 (3,5%) e 77 (5,1%), respectivamente.

O papel da Fiocruz

Localizado no Rio de Janeiro, o Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz) é referência de atendimento para casos graves da doença. Usuários da rede pública e privada de saúde, de serviços filantrópicos ou de outros municípios podem ser encaminhados ao IFF/Fiocruz. No caso de pacientes do Município do Rio de Janeiro, o agendamento das consultas é realizado através do Sisreg, sistema online que integra a rede básica e as unidades de saúde da família à unidade hospitalar. Saiba mais aqui.

Com base na assinatura de uma Parceria de Desenvolvimento Produtivo com a GSK em 2003, o Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz) passou a disponibilizar, em 2013, a vacina varicela ao Programa Nacional de Imunização do Ministério da Saúde. O imunizante compõe a vacina tetra viral, que previne crianças contra sarampo, caxumba, rubéola e varicela. Confira mais sobre a vacina.

Texto revisado pelo pesquisador:
Leonardo Menezes , do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz)

Outras fontes:

Ministério da Saúde

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