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26/10/2015

Centenas de visitantes participam da SNCT no IOC

Lucas Rocha (IOC/Fiocruz)


Você já ouviu falar em luminescência? Refração ou difração são palavras comuns no seu dia-a-dia? Estas são propriedades da luz, tema central da 12ª edição da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT 2015), iniciativa promovida pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação em todo o país. Para apresentar estas e outras curiosidades do mundo da ciência, profissionais e estudantes do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) deixaram as bancadas dos laboratórios para promover uma série de atividades gratuitas dedicadas ao público no campus da Fiocruz, no Rio de Janeiro, entre os dias 20 e 23 de outubro. Da microscopia às características dos insetos, da respiração humana à apreciação das borboletas, a SNCT 2015 foi recheada de oportunidades de aprendizado e – por que não? – de diversão.

A interatividade com o público marcou a participação do Instituto na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia 2015 (foto: Gutemberg Brito)
 
 

Objeto de uso cotidiano dos cientistas, os microscópios trabalham com uma ferramenta em comum: a luz. A partir deste tema, o estande A luz a serviço da microscopia, apresentado pelo Laboratório de Patologia, usou os conceitos de luminescência, fluorescência e fosforescência para explicar a relevância destes conhecimentos para o campo da Patologia. “O desenvolvimento da microscopia e das técnicas histológicas – que permitem preparar amostras de tecido para serem observadas no microscópio – possibilitaram um salto científico porque com o uso do microscópio foi possível observar alterações celulares com mais detalhes e estabelecer associações destas alterações com o desenvolvimento de doenças”, explicou o pesquisador Pedro Paulo Manso.

Respirar bem é um desafio enfrentado pelas populações das grandes cidades, mas a adoção de hábitos saudáveis pode ajudar no cuidado com os pulmões. Essa foi a mensagem dos pesquisadores do Laboratório de Inflamação, que usaram um modelo inusitado, formado por garrafas plásticas e balões de festa, para mostrar como o sistema respiratório funciona. Com a ajuda de microscópios, os visitantes puderam comprovar as diferenças entre um pulmão saudável e o órgão afetado pela silicose, doença que geralmente atinge trabalhadores da mineração e da indústria de cerâmica. Atenta às explicações, a estudante do 3º ano do Ensino Médio Adriane Santos de Almeida conta que pensa em seguir carreira na área de Biologia. “Eu gosto muito da ciência voltada para o meio ambiente com foco nos animais e nas plantas, todos esses assuntos me despertaram muita atenção. Eu não sabia o que era silicose, por exemplo. Aqui é um espaço para aprender e, mais que isso, é uma lição a ser passada adiante”, destacou a aluna do Colégio Deputado Pedro Fernandes, do bairro Jardim América, Zona Norte do Rio.

Oferecida pelo Laboratório de Estudos Integrados em Protozoologia, a atividade Microbiologia lúdica reuniu diferentes micro-organismos, de bactérias a algas, que surpreenderam os visitantes ao serem visualizadas em microscópio. Os pesquisadores explicaram como bactérias podem estar presentes em lugares muito distintos, como solas de sapatos, no piso do banheiro e até em um simples clipe de papel.

O projeto científico Eliminar a Dengue: Desafio Brasil, que estuda o uso da bactéria Wolbachia como forma de reduzir a transmissão do vírus da dengue pelo mosquito Aedes aegypti, também fez parte da programação. Além de apresentar as atividades do projeto no Brasil, a equipe mostrou curiosidades do comportamento do mosquito, como, por exemplo, a razão pela qual as pupas e larvas evitam a presença da luz – a chamada fotofobia. Outro espaço dedicado ao Aedes aegypti, o estande Luz, temperatura e ação: conhecendo os mosquitos de perto, organizado pelo Laboratório de Biologia Molecular de Insetos, apresentou as quatro fases de vida do mosquito transmissor de doenças como dengue, zika e chikungunya. Os especialistas explicaram que, de ovo a adulto, o mosquito passa pelas fases de larva e pupa, em um processo que pode ser acelerado com a temperatura: quanto mais quente o ambiente, mais rápido é o seu desenvolvimento, que leva, em média, cerca de sete dias.

O teste com a lanterna permitiu entender como as larvas do mosquito 'Aedes aegypti' fogem da luz (foto: Gutemberg Brito)

 

Populares por uma picada que provoca coceira intensa, os mosquitos conhecidos como ‘borrachudos’ podem transmitir uma doença chamada oncocercose, que, no Brasil, é restrita a uma localidade de Roraima. Na atividade Conhecendo os Borrachudos, a equipe do Laboratório de Simulídeos, Oncorcecose e Infecções Simpátricas: Mansonelose e Malária apresentou características como o desenvolvimento em rios e o hábito diurno, que diferenciam este inseto de outros mosquitos que também picam o homem.

O estande Olho vivo no barbeiro: sua luz pela ciência e vida, apresentado pelo Laboratório Interdisciplinar de Vigilância Entomológica em Díptera e Hemíptera, apresentou a biologia e o comportamento dos insetos triatomíneos, conhecidos popularmente com barbeiros, agentes transmissores da doença de Chagas. Para mostrar o ambiente propício à infestação por estes insetos, os especialistas apresentaram réplicas de casas de taipa e alvenaria, além de fotografias produzidas durante trabalhos científicos em campo.

O tema da doença de Chagas também foi colocado em pauta em oficinas e mostra de vídeos desenvolvidas pelo Laboratório de Inovações em Terapias, Ensino e Bioprodutos. Com a presença de pacientes, familiares, pesquisadores e especialistas, uma mesa-redonda teve como tema central a criação de uma Associação das Pessoas Afetadas pela Doença de Chagas no Rio de Janeiro. Já a exposição Falamos de Chagas, iniciada durante a SNCT 2015, apresenta a produção artística de pacientes sobre sua vivência cotidiana com o agravo, além de peças históricas relacionadas à doença, que foi descoberta pelo brasileiro Carlos Chagas há mais de um século. A visitação é gratuita e pode ser feita até 20 de novembro, das 9h às 16h30, na Biblioteca de Manguinhos (Av. Brasil, 4.365 – Manguinhos – Rio de Janeiro – RJ). 

Ciência e arte nas oficinas sobre doença de Chagas (foto: Gutemberg Brito)
 
 

A SNCT 2015 contou, ainda, com a reabertura do Borboletário Fiocruz, um espaço dedicado à natureza, à vida e à biodiversidade. Ornamentado por plantas e habitado por curiosas espécies de borboletas do continente Americano, o Borboletário Fiocruz, é o único da cidade do Rio de Janeiro. O espaço, que tem 84m², abriga quatro espécies de borboletas: olho-de-coruja (Caligo illioneus), ponto-de-laranja (Anteos menippe), borboleta-brancão (Ascia monuste) e Julia (Dryas julia), que podem ser encontradas em diferentes áreas tropicais do continente americano.

Reaberto durante a SNCT 2015, o espaço está aberto de forma permanente para visitação gratuita. A iniciativa é uma parceria entre o Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e o Museu da Vida, da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz). Clique aqui para saber mais.

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