26/12/2005
Alessandro Pereira
Em Manaus, 26,9% das crianças nascidas vivas são filhas de mães adolescentes. Em Fortaleza, 52,9% da população com idade igual ou superior a 25 anos não completou o ensino fundamental. No município do Rio de Janeiro, 60,6% dos óbitos infantis estão relacionados a afecções perinatais. Em Porto Alegre existem 46,4 leitos para cada dez mil habitantes. Esses dados servem como indicadores para entender melhor as causas da mortalidade infantil no país. Por esse motivo a equipe do Departamento de Informação em Saúde (DIS) do Centro de Informação Científica e Tecnológica (Cict) da Fiocruz construiu, por meio do Programa de Desenvolvimento e Inovação Tecnológica em Saúde Pública (PDTSP), um sistema de monitoramento de indicadores de mortalidade infantil, o MonitorIMI.
O MonitotIMI é resultado da interseção de dois sistemas: o Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde (SIM) e o Sistema de Informação sobre os Nascidos Vivos (Sinasc). Pelo cruzamento do número de óbitos com o de nascidos vivos é possível estimar a situação da saúde dos recém-nascidos no Brasil. Um município que tem alta proporção de óbitos infantis por causas mal definidas indica que os registros dos óbitos não estão sendo feitos corretamente. O município de Carauari (AM), por exemplo, registra quase 50% de óbitos infantis como causas mal definidas. "O problema das causas mal definidas é que elas não permitem que os gestores tracem um perfil das principais doenças que acometem os bebês", afirma a pesquisadora do Cict Célia Landmann Szwarcwald, coordenadora do sistema.
Outros indicadores também chamam a atenção para a gestão de saúde como os de mortalidade proporcional por idade. De acordo com a pesquisadora, "quanto mais próximo do nascimento são os óbitos, maiores são as chances deles estarem relacionados à precariedade no acompanhamento pré-natal ou na hora do parto", diz Célia.
O MonitorIMI foi lançado em Brasília durante a 5ª Mostra Nacional de Experiências Bem Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças (Expoepi), que ocorreu de 4 a 6 de dezembro. No MonitorIMI o usuário tem acesso aos indicadores detalhados de cada município brasileiro, além de fontes de informação, a metodologia aplicada e os critérios de adequação das informações. O endereço do site é www.monitorimi.cict.fiocruz.br.