Agência Fiocruz de Notícias

A partir da década de 40, a praxiterapia foi completada com a convulsoterapia (elétrica e química), o choque insulínico, o eletro-narcose e a psicocirurgia. Segundo Ana Teresa, as atividades do trabalho terapêutico na CJM “eram, principalmente, lavoura (cereais e hortaliças), pecuária e pequenas indústrias, destacando-se entre estas as de artefatos de vime e a de colchões. Como recursos auxiliares à terapêutica ocupacional eram usados o cinema, o rádio (rede de alto-falantes em toda a CJM), os esportes – futebol, basquete, voleibol, peteca etc – e as artes aplicadas, inclusive a pintura”.

O número de internos chegou a somar, no início dos anos 50, cerca de 3.800 pessoas dos dois sexos – e atingiu cerca de 5 mil na década de 60. Ana Teresa diz que além da população hospitalar vivia na CJM, desde a sua fundação, um considerável número de servidores do estabelecimento, cujas famílias serviam à normalização do convívio dos doentes, dando ao ambiente a vida de uma cidade – até mesmo festividades religiosas ocorriam na colônia de Jacarepaguá.

Nos anos 40 continuaram sendo construídas casas para moradia dos funcionários da instituição. Ana Teresa afirma que no contexto da “vida social” os funcionários eram designados como moradores e nesse grupo também estavam seus filhos e familiares. Ainda nesse contexto os pacientes não eram nomeados como doentes ou enfermos, mas como “hóspedes”.

Para Ana Teresa, a CJM passou a ter uma outra função social que não apenas a do tratamento e da exclusão social decorrente do internamento prolongado dos pacientes e do afastamento geográfico do centro urbano. A colônia passou, contraditoriamente, a reproduzir um núcleo urbano, tomando também como sua população-alvo pessoas consideradas comuns e sadias.
Em 1996 a colônia passou a integrar a rede de saúde mental da Prefeitura do Rio de Janeiro, com o nome de Instituto Municipal de Assistência à Saúde Juliano Moreira. A instituição abriga hoje cerca de 600 pacientes, com idade média de 66 anos.