20/03/2023
Os resultados do projeto de fortalecimento da comunicação popular e comunitária em saúde no Brasil, promovido pela Fiocruz e pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), foram apresentados na última quinta-feira (16/3), em um seminário virtual. Intitulada A pandemia e o território: comunicação comunitária no enfrentamento da Covid-19, demais emergências sanitárias e suas consequências, a ação – que conta com financiamento do Governo do Canadá – selecionou 15 iniciativas, dentro de 138 inscritas, por meio de uma chamada pública feita no ano passado.
“Quando falamos em comunicação comunitária, estamos muito abertos a compreender as realidades das diferentes localidades do país. E é por isso que dialogar com esses públicos é algo muito importante para quem quer trabalhar com saúde”, destacou o coordenador da Assessoria de Comunicação da Fiocruz Brasília, Wagner Vasconcelos, na abertura do Seminário. No projeto, foram contempladas três propostas de cada região geográfica do Brasil, desenvolvidas por organizações da sociedade civil com o objetivo de reforçar a capacidade de resposta dos territórios frente às crises sanitárias e suas consequências sociais, a partir da estruturação e consolidação de estratégias de comunicação em saúde. Durante o seminário foi lançado um vídeo que sintetiza as várias ações realizadas e seus impactos positivos nas diferentes comunidades participantes.
Para a vice-diretora da Fiocruz Brasília, Denise Oliveira e Silva, os projetos não só atendem a perspectiva da horizontalidade no falar e se expressar, mas sobretudo na ação de transformar as realidades. “Nós acreditamos que esse é um desafio da sociedade brasileira, porque a relação de uma ciência cidadã é horizontal e se expressa por meio de um processo comunicativo. Estamos felizes e orgulhosos de todo esse trabalho feito pelos nossos comunicadores”.
Além da seleção das propostas, o trabalho envolveu o acompanhamento e monitoramento dos projetos, por meio do contato permanente entre as organizações e assessores sociotécnicos, que contribuíram para a gestão e execução das ações, em um processo contínuo de troca de conhecimentos e aprendizado mútuo. Foram realizadas sete oficinas de trocas sobre temas transversais às diferentes iniciativas, como produção audiovisual com smartphone, comunicação visual, mídias sociais, podcast, informações falsas/desinformação, vacinas e comunicação de risco. Esses espaços de trocas intensificaram as relações e a conexão entre todos os envolvidos, resultando no início da constituição de uma rede de comunicação em saúde, a nível comunitário.
A representante da Opas e da Organização Mundial da Saúde (OMS) no Brasil, Socorro Gross, também ressaltou a importância da comunicação entre pares, que, mais do que a troca de informações, promove a modificação de condutas e de realidades. “Especialmente quando esse trabalho é feito em articulação com outros entes do SUS, como as secretarias municipais e estaduais de saúde, e outras instituições que são referência na construção de capacidades”, destacou.
Diversidade
Estima-se que as ações do projeto tenham beneficiado mais de 300 mil pessoas, direta ou indiretamente. Uma característica marcante foi a diversidade, com iniciativas que envolvem povos de terreiro, ciganos, indígenas, negros, migrantes e refugiados, entre outras populações. A expectativa é que as experiências possam ser levadas para outros territórios, estimulando novos trabalhos nesse campo e fortalecendo a participação social, que é um dos princípios do SUS.