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09/11/2016

Conferência no evento Zika aborda mapeamento de patógenos

Gardenia Vargas (CDTS/Fiocruz)


Conhecido como "John Snow Professor", o professor Ian W. Lipkin, internacionalmente reconhecido por seus trabalhos de desenvolvimento e aplicação de métodos moleculares na descoberta de novos patógenos, a convite da Fiocruz, esteve no evento Zika na tarde da última segunda-feira (7/11). Professor de epidemiologia na Mailman School of Public Health da Universidade de Columbia, Nova Iorque, na qual também dirige o Centro para Infecções e Imunidade, Lipkin apresentou a palestra Small Game Hunting from Autism to Zika (Pequeno Jogo de Caça: do Autismo até Zika, em tradução livre), sobre os esforços para mapear vírus, bactérias e parasitas.

Em conferência, o professor Ian W. Lipkin, da Universidade de Columbia, falou sobre a identificação e o sequenciamento de novos patógenos (foto: Gutemberg Brito, IOC/Fiocruz)

 

A palestra foi anunciada por Carlos Morel, membro da Academia Brasileira de Ciência (ABC), coordenador do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (CDTS/Fiocruz) e responsável pela vinda de Lipkin ao Brasil. “O trabalho de Lipkin e sua equipe é único e inovador, ele revolucionou o sequenciamento em patógenos, o que é de extrema importância para a detenção, combate e controle de epidemias. Lipkin é chamado a cada vez que há uma grande epidemia como na Arábia Saudita, onde pesquisou e combateu o vírus Mars, na China, na epidemia do vírus Sars”, apresentou Morel.

“Eu nunca estudei virologia. Nos anos 80, eu era um residente de neurologia na Universidade da California, em São Francisco, quando apareceu o caso dos cinco jovens doentes, que mais tarde foi comprovado que era o HIV, que levou a Aids. Foram necessários ao menos dois anos para reconhecermos a doença e identificarmos o vírus. Eu vi tudo isso de perto e disse a mim mesmo que tínhamos que achar novas e melhores maneiras de fazer isso”, destacou Ian W. Lipkin na abertura da palestra. Ele explicou ainda como desenvolveu técnicas capazes de diminuir dramaticamente o tempo de identificação de um vírus e qual importância disso ao combate das epidemias, até mesmo antes delas chegarem. O professor também explicou que a técnica é simples, algo como criar sua própria biblioteca: os segmentos virais se conectam a todo DNA correspondente e com escalonamento podem “pescar” os segmentos correspondentes e analisá-los.

As técnicas de pesquisas são aprimoradas a cada ano. Lipkin e sua equipe já identificaram mais de 500 vírus que antes eram mistérios para humanidade. Essas descobertas foram essenciais no combate rápido de epidemias como Mers na Arábia Saudita e na China. O Centro para Infecções e Imunidade dirigido por Lipkin foi acionado para ajudar na pesquisa do vírus zika. Os pesquisadores estão tentando identificar os pepitídeos discriminantes, que poderão ser úteis para diferenciar a infeção do vírus zika e do vírus dengue. Contudo, o desafio é maior do que se imaginava.

“Estudos falam sobre o papel determinante de infecções prévias através do vírus da dengue no agravamento da patogênese da infecção pelo vírus zika. É muito importante identificar a história da infecção e compreender a patogenia e a vulnerabilidade a estes vários reagentes. O problema é que 73% dos anticorpos para zika estão cruzados com os de dengue. E cada matriz que precisamos construir custa 2 mil dólares. Estamos trabalhando para tentar diminuir os custos sem perder a qualidade, pois cada pesquisa nesse caso é uma caixa preta, não sabemos o que vamos encontrar na busca do DNA”, contextualizou Lipkin.

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