Conhecimento adequado não garante atitudes efetivas de prevenção das DST/Aids

Publicado em
Fernanda Marques
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Estudantes universitários envolvidos em estágios na área da educação decidiram unir esforços na conscientização de adolescentes sobre a prevenção das DST/Aids. Contudo, antes de partirem para a ação – com palestras e oficinas –, fizeram um estudo com o objetivo de avaliar o conhecimento sobre DST/Aids e os fatores associados ao não uso da camisinha entre alunos de escolas públicas e privadas localizadas em Nova Iguaçu, Cabuçu e Seropédica (RJ).


Participaram cerca de 300 jovens de 13 a 19 anos, aos quais foi solicitado que respondessem a um questionário. “Os adolescentes apresentaram conhecimento adequado sobre prevenção das DST/Aids. Entretanto, esse conhecimento não resultou na adoção de atitudes efetivas de prevenção, seja pela dificuldade  de convencer o parceiro, seja pela imprevisibilidade das relações sexuais”, diz o trabalho, que será apresentado durante o 2º Congresso da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) sobre DST/Aids, promovido pela Fiocruz, no Rio de Janeiro, de 14 a 17 de abril.


“Em relação ao grau de conhecimento, não houve diferença significativa entre as escolas públicas e privadas”, afirma a estudante de ciências biológicas Fabiana Helena da Silva, da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), uma das autoras da pesquisa. “Observamos, porém, um menor número de adolescentes sexualmente ativos nas escolas privadas, especialmente os do sexo feminino, católicos ou evangélicos, o que dá a entender que há fatores religiosos contribuindo para isso”.


Entre os alunos das escolas privadas, notou-se a crença de que, por pertencerem a uma classe social mais alta, estariam mais “imunes” às DST/Aids. “Na primeira relação sexual, esse grupo disse ter utilizado a camisinha, mas, quando perguntado sobre o porquê, respondeu para não deixar vestígios de nada e para que a moça não engravidasse, ou seja, para não contrair o vírus da Aids ou outras doenças foi uma resposta pouco mencionada”, afirma Fabiana. Já entre os alunos de uma escola pública em Nova Iguaçu, somente cerca de 17% disseram ter utilizado o preservativo na primeira relação sexual. Segundo Fabiana, “é preciso um trabalho de conscientização sobre a importância do uso da camisinha e sobre planejamento de vida e de vida sexual”.