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07/11/2018

Consórcio internacional de zika promove encontro na Fiocruz

Julia Dias (Agência Fiocruz de Notícias)


O consórcio ZIKAction promoveu o seu terceiro encontro anual entre os dias 3 e 5 de novembro. O encontro ocorreu pela primeira vez no Brasil e reuniu cerca de 40 representantes de 11 países, entre pesquisadores, profissionais de saúde e gerentes de projetos de instituições e organizações integrantes do consórcio, para discutir os avanços de suas pesquisas sobre zika e definir os próximos passos do consórcio. O evento contou ainda com a presença de representantes dos dois outros consórcios internacionais de zika, o Zika Plan e o ZIKAlliance.

Os pesquisadores Ana Bispo, da Fiocruz, e Carlo Giaquinto, da Fundação Penta (Foto: Gutemberg Brito)

 

“O encontro foi importante porque pudemos alinhar com outros grupos algumas mudanças que precisam ser feitas e foram apresentados resultados também, que serão divulgados em publicações e boletins”, explicou a chefe do Laboratório de Flavivírus do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), Ana Bispo, que coordena o consórcio no Brasil. Ela explicou que entre as decisões tomadas estão o estabelecimento de novos cohortes para pesquisa, com diferentes propostas. “O consórcio é composto por diferentes grupos, atuando em diferentes regiões e áreas de pesquisa. Cada grupo tem uma resposta específica a dar em relação a algum aspecto do zika para que a gente possa dar um passo no entendimento da doença. É o nosso maior objetivo”, afirmou Bispo.

O desenvolvimento de um diagnóstico preciso para a doença é o maior desafio do momento e está sendo abordado pelas pesquisas dos grupos. “O grande problema é sorologia. A gente já tem um teste que foi desenvolvido por um grupo de Hamburgo, na Alemanha, que apresentou até o momento maior especificidade e sensibilidade com zika, quando comparado aos outros testes, e que não teve cruzamento com dengue. Esse teste deve ser utilizado pelos consórcios”, explicou a coordenadora do ZIKAction no Brasil. 

As relações de fatores genéticos com a microcefalia, outras manifestações neurológicas da doença e o desenvolvimento de vacinas e roupas tecnológicas repelentes são outras das pesquisas em curso pelos consórcios. O Brasil, por ter sido o foco principal do recente surto de zika, é central nos estudos realizados sobre o tema. Aqui, 3 mil casos de microcefalia foram relacionados à síndrome congênita de zika e outros 12 mil casos não confirmados. “O Brasil é um laboratório”, afirmou a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade de Lima, no encerramento do encontro, que aconteceu na Tenda da Ciência da Fiocruz. “Aqui, a epidemia de zika mostrou a importância do sistema público de saúde, da comunidade científica e de pesquisa e de instituições de porte, como a Fiocruz e a UFRJ, para o enfrentamento da doença”, completou.

Para a presidente, a doença é só um exemplo que nos permite pensar em temas maiores, como o conceito de emergência em saúde e a importância da atenção primária, que foi tema de uma conferência global em outubro, em Astana, no Cazaquistão. “A zika é só a ponta do iceberg”, declarou a presidente da Fiocruz.

Segundo ela, que também representa a ZIKAliance, a interdisciplinaridade e as conexões são essenciais para uma agenda forte de pesquisa, que envolva as questões geográficas, biológicas e sociais da doença. Além disso, o principal desafio é pensar como esses consórcios podem ter uma agenda não só científica, mas também de proposição de políticas públicas.

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