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16/11/2020

Covid-19: novo Boletim alerta para desafio das subnotificações

Regina Castro (CCS/Fiocruz)


Realizado pela Fiocruz, o novo Boletim do Observatório Covid-19 Fiocruz destaca, como uma das questões centrais no enfrentamento da Covid-19, que as medidas, ações e políticas sejam baseadas em dados e informações. A análise chama atenção para a importância da produção de dados de cunho analítico, tais como indicadores, e para o fato de que limites nesta infraestrutura podem resultar em subnotificações e defasagem dos registros nos sistemas de informações, resultando em tomadas de decisões baseadas em informações insuficientes e/ou imprecisas.

Dentro desse contexto, os pesquisadores ressaltaram que é fundamental que os países disponham de uma infraestrutura robusta de dados e informações, a fim de evitar instabilidades e falhas que possam potencializar a defasagem dos registros. Citaram como exemplo as instabilidades e falhas nos sistemas de informações relacionadas à pandemia Covid-19, que o Brasil enfrentou na última semana. Em consequência desse problema, os dados e informações apresentadas neste Boletim para semanas 44 e 45 irão refletir os limites resultantes desta situação. 

A publicação traz ainda uma matéria especial sobre Sindemia e a Covid- 19 no Brasil. A abordagem ressalta que, no caso da Covid-19, a combinação de doenças pré-existentes com condições sociais e biológicas agem em “uma tal sinergia” que contribuem  para tornar determinados indivíduos e grupos sociais mais suscetíveis e vulnerabilizados, assim como para o surgimento de um amplo conjunto de problemas de saúde. 

SRAG / Covid-19

Em relação às ocorrências de Síndrome Respiratório Aguda Grave (SRAG), que incluem casos severos de Covid-19, o monitoramento é feito no sistema InfoGripe, pelo Programa de Computação Científica (Procc/Fiocruz), com dados obtidos do sistema Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe), mantido pelo DataSUS, com registros de notificações de casos de SRAG pelas Unidades da Federação. 

Na Semana Epidemiológica (SE) 45 (de 1 a 7 de novembro) houve uma interrupção na entrada de notificações do Sivep-Gripe, por uma ação preventiva em vários sistemas do DataSUS contra possível vulnerabilidade cibernética. O Sivep-Gripe foi restabelecido, conforme informa o boletim DataSUS n.1 de 11 de novembro de 2020. No entanto, os estados voltam a reportar os casos de SRAG no sistema gradativamente. Na data em que foi fechado este Boletim, o InfoGripe ainda não possuia os dados mais recentes para realizar a avaliação semanal de SRAG. Por esta razão, não está apresentada a análise incidência da SRAG nos estados.

Incidência e mortalidade

Os dados consolidados para o país apresentaram continuidade da tendência de queda no número de óbitos por Covid-19 ao longo das semanas epidemiológicas 44 e 45, em torno de 400 óbitos diários. Esse sinal vinha sendo acompanhado pela redução do número de ocorrências (cerca de 18 mil casos por dia entre 25 de outubro a 7 de novembro). No entanto, nos últimos dias se observou um crescimento de casos, que subiram de 16 mil em 6 de novembro para 19 mil no dia 10. Alguns estados não informaram a tempo os últimos registros de casos e óbitos no Sivep-Gripe, o que pode provocar uma subestimativa desses valores. 

Conforme apontado em boletins anteriores, esse padrão não é uniforme em todo o território nacional. As maiores taxas de incidência de Covid-19 foram observadas nos estados de Roraima, Amapá, Espírito Santo e Santa Catarina, enquanto as taxas de mortalidade por Covid-19 foram mais elevadas nos estados do Amazonas, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Goiás e no Distrito Federal. 

No Estado do Rio de Janeiro, observa-se a manutenção de altas taxas de letalidade (3,8%), dada pela proporção de casos que resultaram em óbitos por Covid-19. Esse valor ainda é considerado alto em relação a outros estados e aos padrões mundiais, à medida que se aperfeiçoam as capacidades de diagnóstico e de tratamento oportuno da doença, o que revela falhas no sistema de atenção e vigilância em saúde.

Leitos de UTI para Covid-19

De acordo com o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNS), entre os dias 26 de outubro e 9 de novembro, foram desativados leitos de Covid-19 para adultos no Ceará, Distrito Federal e Rio Grande do Sul. As taxas de ocupação mantiveram-se predominantemente estáveis, apesar de se observar uma leve piora do cenário geral, em comparação ao dia 26 de outubro, com o aumento do número de unidades federativas na zona de alerta de seis para oito, sendo duas dessas zona de alerta crítica.

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