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20/08/2007

Diretora-geral da OMS ministra palestra na Fiocruz

Adriana Melo


A diretora-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Margaret Chan, esteve na Fiocruz nesta segunda-feira (20/08). Pela manhã, no auditório da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp), a médica chinesa proferiu a palestra A cooperação Sul-Sul no enfrentamento das epidemias, na qual abordou a importância da vacinação no combate a essas doenças. Também estiveram presentes a diretora da Organização Pan-americana de Saúde (Opas), Mirta Roses, e o diretor da Opas no Brasil, Diego Victoria. O presidente Paulo Buss lembrou que esta foi a primeira vez que um diretor da OMS veio à Fiocruz. “E por isso gostaria de agradecer muito pela visita. A OMS preconiza a solidariedade em momentos de crise. O Brasil está em condições de ajudar – especialmente os países do continente africano – no campo da saúde, fornecendo medicamentos, vacinas e kits de diagnóstico”, afirmou Buss.


 Margaret Chan: o Brasil desempenha um papel especial na saúde pública mundial e no trabalho da OMS (Foto: Ana Limp)

Margaret Chan: o Brasil desempenha um papel especial na saúde pública mundial e no trabalho da OMS (Foto: Ana Limp)


Margaret Chan citou a luta de Oswaldo Cruz contra as epidemias de febre amarela, varíola e peste e se disse satisfeita em aprender mais sobre o Brasil, um país que desempenha um papel especial na saúde pública mundial e no trabalho da OMS. Segundo ela, os pesquisadores brasileiros em muito colaboraram para aumentar o conhecimento a respeito das doenças tropicais negligenciadas, desde a descoberta da doença de Chagas, e continuam contribuindo, com o mapeamento genético de parasitas e com o desenvolvimento de novos tratamentos, vacinas e kits de diagnóstico. “O Brasil é famoso pela ampla assistência que dá aos portadores de HIV. É um exemplo de igualdade no acesso ao tratamento essencial em saúde e deve servir de inspiração a outros países em desenvolvimento”, disse ela.


 Margareth Chan e Mirta Roses descerram a placa em homenagem às duas, observadas por Paulo Buss

Margareth Chan e Mirta Roses descerram a placa em homenagem às duas, observadas por Paulo Buss


“Epidemias são emergências que pedem decisões rápidas, tomadas freqüentemente numa atmosfera de considerável incerteza científica. Causam uma ruptura econômica e social, como no caso da epidemia de Sars em 2003 – que colocou todos os países do mundo em risco, devido à facilidade de trânsito que as pessoas têm hoje em dia”.


“Os microrganismos estão em constante evolução e adaptação. Organismos que se replicam mais de um milhão de vezes por dia podem facilmente nos surpreender, mas em algumas raras vezes a humanidade os vence. Isso aconteceu com a erradicação da varíola e pode-se esperar que o mesmo aconteça com a pólio, felizmente. Entretanto, a luta contra doenças que podem causar surtos epidemiológicos exige colaboração internacional”.


“Devido ao clima, geografia e ecologia, as doenças negligenciadas geralmente ocorrem em lugares definidos de países em desenvolvimento e a ameaça de que se espalhem pelo mundo é pequena. Por isso, dificilmente viram manchete em jornais. Não causam pânico nem ameaçam a economia mundial. Ainda assim, causam enorme sofrimento nos países atingidos. A resposta a essas doenças é um verdadeiro teste de solidariedade internacional. Solidariedade que é movida não por interesses econômicos ou políticos, mas pelo desejo de prevenir o sofrimento humano”.


“Para combater algumas dessas epidemias, como a de meningite na África, a vacinação é imperativa. Mas tínhamos problemas em encontrar fornecedores. Quando a OMS contatou Biomanguinhos, a resposta foi imediata, inequívoca, positiva. O governo brasileiro fica feliz pela oportunidade de fazer alguma coisa pela África e essa é, como eu disse, a verdadeira medida da solidariedade internacional. Biomanguinhos está produzindo, a preços acessíveis, 12 milhões de doses de vacina para a OMS e ainda pode produzir 15 milhões de doses adicionais para os países africanos. Agradeço pelo que o governo brasileiro tem feito para melhorar a saúde do mundo”. Após a palestra, Margaret Chan e Mirta Roses descerraram uma placa em homenagem à visita das duas à Fiocruz.


Em seguida as diretoras da OMS e da Opas seguiram para Brasília, onde assinarão, em uma visita ao ministro da Saúde, José Gomes Temporão, um termo conjunto entre as duas instituições e o governo brasileiro no qual serão definidas as prioridades de cooperação técnica para os próximos quatro anos. Depois elas terão uma audiência com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto.


A ênfase do trabalho de Chan na OMS é a saúde da população africana e das mulheres. “Esta é uma organização sanitária para todo o mundo. Nosso trabalho tem que incidir na vida de cada pessoa, em todas as partes. No entanto, devemos centrar nossa atenção nas pessoas mais necessitadas”, disse.


Margaret Chan se formou médica pela Universidade de Ontário Ocidental, no Canadá. Foi diretora de Saúde de Hong Kong durante nove anos. Incorporou-se à OMS em 2003, como diretora do Departamento para Proteção do Ambiente Humano. Em junho de 2005 foi nomeada diretora de Enfermidades Transmissíveis: Vigilância e Resposta e em setembro do mesmo ano passou a subdiretora-geral de Enfermidades Transmissíveis. É diretora-geral da OMS desde novembro do ano passado.

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