Dissertação aponta aumento de óbitos por câncer no Sul e Sudeste

Publicado em
Renata Moehlecke
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Analisar a tendência das taxas de mortalidade por câncer na população feminina de 60 anos ou mais das regiões Sul e Sudeste do Brasil no período de 1980 a 2005. Esse era objetivo da aluna Denise Vianna na dissertação recém-defendida no Programa de Saúde Pública e Meio Ambiente da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp) da Fiocruz. A pesquisadora concluiu que os padrões verificados nessas regiões acompanham os mundiais: entre 1980 e 2005 ocorreram menos casos de óbito por câncer de estômago e esôfago e houve um incremento gradativo nas taxas de mortalidade por neoplasias de cólon-reto, pâncreas, pulmão e mama nas faixas etárias examinadas – mulheres de 60 a 69 anos, de 70 a 79 e de 80 ou mais.


 A maior parte dos estudos considera o conjunto da população, sem análises separadas para os idosos

 A maior parte dos estudos considera o conjunto da população, sem análises separadas para os idosos


“No atual contexto de envelhecimento progressivo da população brasileira e do incremento da ocorrência de doenças crônicas não transmissíveis, as neoplasias se configuram como causa importante de morbimortalidade em indivíduos idosos, constituindo a segunda causa de morte nesse grupo populacional”, comenta a estudiosa. “As regiões Sul e Sudeste caracterizam-se por abrigar o maior contingente de população idosa e apresentar as maiores taxas de mortalidade por câncer do país”.


A pesquisa utilizou como base dados obtidos no Datasus (Banco de Dados do Sistema Único de Saúde). Os resultados mostraram que, no Sul, o aumento médio foi de 2,47 óbitos por câncer a cada 100 mil mulheres de 60 a 69 anos e 4,29 para as com idade entre 70 a 79. Para o grupo de 80 anos ou mais, o aumento médio foi de 13,27 mortes a cada 100 mil idosas. No Sudeste, são 7,43 óbitos a cada 100 mil na mesma faixa etária.


Em relação às taxas de mortalidade por câncer de esôfago, no Sudeste, o declínio foi em média de 0,10 entre 100 mil idosas sexagenárias, 0,32 por setuagenárias e 2,83 mortes por octogenárias. Por câncer de estômago, os números foram 0,89, 2,11 e 2,83 óbitos a cada 100 mil mulheres respectivamente por grupos etários. No Sul, a pesquisadora afirma que não foi possível identificar modelos com significância estatística na análise da tendência das taxas de mortalidade por câncer de esôfago, nos diferentes grupos etários. No entanto, para câncer de estômago, os modelos lineares se apresentaram significativos: entre as mulheres de 60-69 anos, foi observada diminuição anual média de 0,64 óbito por 100.000 no período de estudo; para aquelas de 70-79 anos, o valor correspondeu a 1,40 óbito e para o grupo de 80 anos e mais, houve, em média, diminuição de 1,78 óbito a cada ano.


“Estudos sobre fatores de risco e proteção para câncer são escassos no Brasil, dificultando o conhecimento de sua distribuição na população feminina e suas possíveis relações com as tendências de mortalidade”, explica Denise. Ela ainda acrescenta que a maior parte dos trabalhos existentes considera o conjunto da população, sem apresentar análises separadas para os idosos. “Nesse sentido, o presente estudo buscou contribuir para o maior conhecimento das condições de saúde da população idosa feminina em nosso país, apontando para a importância do câncer como problema de saúde pública nesse grupo populacional”.