01/02/2012
Tatiane Vargas
Conhecer as complicações maternas e dos recém-nascidos de acordo com o tipo de parto é o principal objetivo do projeto Nascer no Brasil: Inquérito sobre Parto e Nascimento. Já iniciado em todos os estados brasileiros, o estudo pretende realizar 24 mil entrevistas em hospitais públicos e privados em todo o país. A pesquisa visa também estimar – para toda população brasileira e para cada grande região geográfica do país – a prevalência de partos cesáreos realizados em estabelecimentos públicos e privados, conforme a localização e o nível de complexidade das instituições; delinear as características das clientelas dessas instituições, bem como a motivação para a opção pelo tipo de parto; e descrever as complicações imediatas causadas por essa escolha nos recém-nascidos, como prematuridade, baixo peso ao nascer, uso de UTI neonatal, óbito neonatal precoce, problemas respiratórios de recém-nato e outras morbidades.
|
No Brasil, são realizados cerca de 6 milhões de partos por ano; desses, 46,6% são cesarianas |
“O objetivo desse estudo é conhecer não só os motivos que levam as gestantes a se submeterem à cesariana, mas também a real magnitude da prematuridade no país, além das consequências do tipo de parto sobre a saúde da mulher e do recém-nascido”, resume a coordenadora adjunta do projeto, Silvana Granado, do Departamento de Epidemiologia e Métodos Quantitativos em Saúde da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz). “Quanto maior a população inserida no sistema de saúde suplementar, maior é a taxa de cesáreas. Muitos são os fatores que influenciam essa taxa no Brasil, especialmente os socioeconômicos. Ou seja: a chance de um parto operatório é maior entre mulheres das capitais, com maior nível de renda e que contam com plano de saúde”, afirma a pesquisadora.
No Brasil, são realizados cerca de 6 milhões de partos por ano; desses, 46,6% são cesarianas. Em 2007, a taxa de cesáreas foi de 35% no sistema público, enquanto esse percentual chegou a 80% na saúde suplementar, segundo estimativas feitas pelo Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc) e pelo Sistema de Informação Hospitalar (SIH/SUS). O projeto Nascer no Brasil avaliará hospitais que realizam, no mínimo, 500 partos por ano – com este requisito, há pelo menos um estabelecimento em cada capital. As mães serão entrevistadas face a face, no pós-parto imediato, e por telefone, entre 45 e 60 dias depois de darem à luz.
Visibilidade com página na internet
A equipe do estudo está espalhada por todos os estados brasileiros e Distrito Federal. Para facilitar a comunicação entre todos os envolvidos, o projeto Nascer no Brasil ganhou uma página eletrônica, que reúne metodologias de pesquisa, vivências no trabalho de campo e matérias veiculadas na mídia, além de dados sobre o crescimento das taxas de cesariana em todo o mundo, publicações e documentos sobre o tema.
Além de ser uma ferramenta para auxiliar a equipe do estudo, por meio do compartilhamento de instrumentos e experiências de trabalho, o site pode ser útil ao público geral. “Pretende-se que seja, também, um espaço aberto para perguntas e respostas, e para esclarecimentos das dúvidas de mães que participarão da pesquisa. Oferecerá, ainda, conteúdos sobre parto e nascimento para grávidas, seus familiares e toda a sociedade”, esclarece a coordenadora geral do projeto, Maria do Carmo Leal, da Ensp/Fiocruz. O endereço é www.ensp.fiocruz.br/nascernobrasil.
O projeto Nascer no Brasil foi contemplado pelo Programa de Apoio à Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em Saúde Pública (Inova-Ensp). Além da Ensp, participam da organização do estudo o Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), universidades estaduais e federais e a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Publicado em 31/1/2012.