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10/04/2006

Especialistas definem prioridades em doenças negligenciadas

Catarina Chagas


Terminou na última sexta-feira (07/04) a Oficina de Prioridades de Pesquisa sobre Doenças Negligenciadas, realizada no Rio de Janeiro. O evento, organizado em parceria pela Fiocruz e o Departamento de Ciência e Tecnologia (Decit) do Ministério da Saúde (MS), aprimora o processo de construção colegiada de editais de pesquisa que une gestores e pesquisadores especializados em doenças como malária, leishmaniose e dengue para discutir os temas prioritários a serem contemplados pelos novos programas de financiamento.


"Com a oficina, o Decit conseguiu o apoio da comunidade científica e dos gestores do MS para trabalhar em conjunto na área de doenças negligenciadas", ressalta o diretor do Centro de Desenvolvimento Tecnológico em Saúde (CDTS) da Fiocruz, Carlos Morel. "Esse é um esforço sério do governo brasileiro para apoiar uma área em que a prioridade maior é a população desasistida e que, portanto, não atrai a atenção de grandes indústrias farmacêuticas".


Divididos em grupos de trabalho, os participantes - representantes do MS, pesquisadores de diversas instituições brasileiras e gestores de saúde - delinearam atitudes concretas que poderiam suprir as principais falhas da pesquisa em doenças negligenciadas no Brasil. Para Morel, elas podem ser divididas em três grandes grupos: falhas de ciência, falhas de mercado e falhas de saúde pública.


Enquanto as falhas de ciência estão relacionadas ao conhecimento insuficiente que impede o desenvolvimento de intervenções sanitárias eficazes, como, por exemplo, vacinas contra hanseníase e tuberculose, as falhas de mercado envolvem os custos elevados de algumas intervenções, como os medicamentos anti-retrovirais, que restringem o acesso por populações marginalizadas. Por fim, as falhas de saúde pública abarcam problemas como incompetência, descaso e corrupção dos governantes, além de fatores culturais ou religiosos que impedem ações de saúde, como a vacinação contra a poliomielite.


Entre as prioridades definidas pelos participantes estão a identificação de novos alvos para vacinas, diagnóstico e imunoterapia que utilizem informações oriundas das tecnologias genéticas e estudos sobre mecanismos moleculares de resistência de parasitas a drogas, a fim de suprir falhas de ciência em relação a doenças como malária, doença de Chagas e leishmanioses. Outros pontos a explorar são a eficácia e a efetividade de novos medicamentos, esquemas e regimes terapêuticos e profiláticos para tuberculose e a análise dos indicadores de serviços de saúde.


As prioridades apontadas serão levadas em consideração na elaboração do edital de pesquisa que será desenvolvido em conjunto pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pelo Decit e pelo CDTS até meados de maio. A seleção dos projetos a serem contemplados será feita em duas etapas: análise de cartas de intenções com o objetivo de promover a integração entre grupos com propostas semelhantes de pesquisa e apuração dos projetos finais, que deverá ocorrer até o final de 2006.

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