Nesta terça-feira (15/4), durante o 2º Congresso da CPLP sobre DST/Aids, no Rio de Janeiro, pesquisadores de diferentes países apresentaram trabalhos sobre a transmissão vertical, ou seja, de mãe para filho, do HIV e outras infecções. Tanto no Brasil quanto em Angola, Moçambique e Portugal – representados no simpósio –, essa transmissão, que pode ocorrer durante a gestação, no momento do parto ou na amamentação, é alvo de estudos e estratégias de prevenção que procuram minimizar o problema das DST/Aids nas crianças. Mais de 2 milhões de menores de 15 anos no mundo estão infectados pelo HIV. Entre os que têm menos de 13 anos, 82% adquiriram o vírus por transmissão vertical.
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No Brasil, o Ministério da Saúde preconiza que as grávidas façam três testes para verificar a infecção pelos vírus causadores da Aids e da sífilis, dois durante o pré-natal e um no momento do parto. Segundo estudo realizado pelo pesquisador da Fiocruz José Henrique da Silva Pilotto no Hospital Geral de Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, essas medidas, somadas ao tratamento adequado das gestantes infectadas, são uma estratégia importante para a prevenção da transmissão vertical do HIV. O hospital estudado é centro de referência para o atendimento de gestantes com HIV, crianças expostas ao vírus e crianças já portadoras deste.
O estudo compreendeu o acompanhamento de 197 gestantes com HIV de 2005 a 2007, das quais 65% não sabiam da infecção antes de realizar os exames pré-natais. Todas as mulheres receberam, durante a gravidez, tratamento anti-retroviral de alta potência (Haart, na sigla em inglês), que, segundo o pesquisador, reduz as chances de transmissão vertical. Como resultado, 92% dos 144 bebês já nascidos não apresentaram baixo peso e, nas cem crianças que já foram testadas para HIV, não houve nenhum resultado positivo. “O sucesso deste trabalho reforça a importância de ampliar o diagnóstico pré-natal da infecção, para que medidas de prevenção possam ser tomadas”, afirmou Pilotto.
Resultados positivos também foram atingidos em pesquisa realizada no Hospital Augusto Ngangula, que presta serviços na área materno-infantil e realiza cerca de 50 partos por dia na Angola. Há quatro anos, a instituição iniciou um programa de corte da transmissão vertical do HIV. Entre as crianças nascidas de 2004 a 2006 – que já realizaram diagnóstico definitivo da infecção –, 64% apresentaram resultados negativos, contra apenas 1,7% de resultados positivos, que se devem à falta de terapia anti-retroviral na gestação ou no momento do parto e ao aleitamento materno. Os outros casos ainda não foram acompanhados pela equipe, uma vez que as mães abandonaram o programa após o nascimento das crianças.
Segundo a pesquisadora Teresinha Branco, que apresentou o trabalho, é importante trabalhar ainda a importância do acompanhamento no pós-parto, já que a transmissão também pode ocorrer com a amamentação, e a adesão dos parceiros ao programa, porque muitas vezes a contaminação das mulheres ocorre enquanto estão grávidas. “Mais do que tratar adequadamente, o melhor é prevenir, pensando numa geração futura livre do HIV”, ressaltou a palestrante.
Para Felisbela Gaspar, do Ministério da Saúde de Moçambique, uma ação importante no controle da transmissão vertical de DST/Aids é a capacitação dos profissionais de saúde para o atendimento das gestantes infectadas. “Estamos adotando novas abordagens, como o desenvolvimento de mecanismos de acesso integrado aos serviços”, contou. “Precisamos usar toda e qualquer oportunidade para informar e aconselhar as mães sobre as atitudes de prevenção”.
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2º Congresso da CPLP sobre DST/Aids
De 14 a 17 de abril de 2008
Hotel Glória, Rua do Russel 632, Glória, Rio de Janeiro, Brasil
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