Estudo alerta para a transmissão do HIV durante a gravidez

Publicado em
Rafael Cavadas
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O Centro de Informação Científica e Tecnológica (Cict) da Fiocruz, em parceria com o Programa Nacional de DST e Aids e do Programa Conjunto das Nações Unidas para a Aids (Unaids) desenvolveu uma pesquisa para verificar a prevalência de HIV nas gestantes. O estudo, chamado Sentinela parturiente, revela que a maioria das brasileiras grávidas comparece a pelo menos uma consulta pré-natal, porém, nem todas fazem o teste do HIV. A pesquisa também verifica o acesso ao teste, recomendado pelo Ministério da Saúde durante o pré-natal, para reduzir as chances de a mãe infectar o bebê com o vírus.


 

 Somente 62% das brasileiras têm acesso ao teste do HIV durante as consultas (Foto: Ana Limp)

Somente 62% das brasileiras têm acesso ao teste do HIV durante as consultas (Foto: Ana Limp)


Os dados apontam que 96% das brasileiras fazem o pré-natal e, no entanto, somente 62% delas têm acesso ao teste do HIV durante as consultas. A região Nordeste é a que menos tem acesso, com cerca de 31% das gestantes sendo testadas. Em seguida vem a região Norte, com 35%; o Sudeste, com 76%; e o Sul, com 78%. O Centro-Oeste aparece no estudo com a melhor taxa de testagem: 84% das gestantes são submetidas ao teste do HIV.


Para a coordenadora do estudo, Célia Landmann Szwarcwald, a pesquisa serve de alerta, já que a maioria das causas de infecção por HIV entre crianças menores de 12 anos é a transmissão da mãe soropositiva para o bebê durante a gestação, parto ou mesmo na amamentação: “Quando a mulher identifica a soropositividade durante a gravidez as chances de evitar a transmissão para o bebê é quase zero se assistida por um médico e seguindo o tratamento. Além disso, quando a mulher não tem o vírus, ela pode aprender como continuar a se proteger do HIV por meio do aconselhamento após o teste", comenta Célia.


Atualmente, a estimativa é que aproximadamente 240 mil mulheres em idade reprodutiva tenham o vírus da Aids e que a maior parte não saiba que é soropositiva. A iniciativa do Ministério da Saúde de introduzir o teste durante o pré-natal já reduziu significativamente a taxa de transmissão vertical do HIV (ou seja, de mãe para filho). Hoje, a média nacional aponta que apenas 3% das mães soropositivas transmitem o vírus para seus filhos. Porém, as regiões Norte e Nordeste ainda possuem altos números de transmissão vertical (12% e 15% respectivamente) por conta da baixa testagem do HIV nas gestantes.


O projeto Sentinela parturiente é aplicado a cada dois anos desde 2002. O estudo inclui entrevistas com parturientes para obter informações sobre grau de escolaridade, se o médico solicitou o teste do HIV no pré-natal e se o resultado do exame foi recebido antes do parto. A análise de 2006 está em andamento e os dados já estão sendo coletados.