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17/03/2008

Estudo mostra que sobrepeso e obesidade crescem entre jovens no país

Fabíola Tavares


O número de casos de obesidade e de sobrepeso entre os rapazes com idade entre 17 e 19 anos vem crescendo no Brasil. No início da década de 1980, a prevalência de sobrepeso nesse grupo era de 4% e, em 2005, chegou a 12%. Em relação à obesidade, subiu de 0,3% para 1,8% no mesmo período. Os dados são de um estudo desenvolvido na Fiocruz Pernambuco com os objetivos de identificar a prevalência do sobrepeso e da obesidade no Brasil, num período de 26 anos, e identificar os fatores de risco associados ao aumento de peso no Recife.


 Sobrepeso é um problema que afeta cada vez mais os jovens (Fonte: <A target=_blank href="http://www.sciencenewsforkids.org">www.sciencenewsforkids.org</A>)

Sobrepeso é um problema que afeta cada vez mais os jovens (Fonte: www.sciencenewsforkids.org)


De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), podem ser consideradas pessoas com sobrepeso aquelas com índice de massa corpórea (IMC) entre 25 e 29,9 Kg/m², e obesas as que têm IMC igual ou superior a 30 Kg/m². O índice é calculado dividindo-se o peso (em quilos) pela estatura (em metros) ao quadrado.


A prevalência desses males, considerados problemas de saúde pública, e a velocidade com que cada um deles cresceu foram analisadas por regiões e por décadas (1980/1990, 1990/2000 e 2000/2005). O Sudeste e o Sul apresentaram as maiores prevalências de sobrepeso e de obesidade durante as três décadas, com valores equivalentes. No início do estudo (1980), os números do sobrepeso foram 4,6% e 4,5%, no Sudeste e no Sul, e no final (2005), 12,3% e 13,1%, respectivamente.


A médica Vera Lucia Vasconcelos, que desenvolveu o estudo durante o doutorado em saúde pública na Fiocruz Pernambuco, destaca que, apesar de constatado o aumento contínuo da obesidade e do sobrepeso ao longo de 26 anos, a velocidade de crescimento dessas patologias já apresenta alguma desaceleração. Ela foi orientada pelo estatístico Tiago Lapa, do Departamento de Saúde Coletiva (Nesc), e co-orientada pelo pesquisador do Nesc e diretor da Fiocruz Pernambuco, Eduardo Freese.  


Para realizar essa primeira etapa da pesquisa, foi utilizado o banco de dados do Exército brasileiro, contendo informações de 8,9 milhões de jovens que se apresentaram para prestar serviço militar obrigatório de 1980 a 2005 e se enquadraram no perfil da pesquisa.


CASO CONTROLE - Na segunda etapa do trabalho, foi realizado um estudo epidemiológico com 3.078 jovens que se apresentaram ao serviço militar no Recife no segundo semestre de 2006. Eles foram submetidos à aferição antropométrica, com o objetivo de calcular o IMC, e responderam a um questionário que resultou em 140 variáveis. Escolaridade/cultura, antecedentes pessoais para obesidade, dispêndio energético, alimentação e condições socioeconômicas foram os aspectos analisados no questionário.


Os resultados mostraram que os índices de sobrepeso e de obesidade foram maiores entre os que faziam mais de cinco refeições por dia e entre os que não consumiam frutas e verduras. No quesito escolaridade, identificou-se que mais de 90% dos jovens e suas mães sabem ler e escrever. O aumento da escolaridade se mostrou um fator de proteção para obesidade e sobrepeso.


Quanto aos antecedentes familiares para a obesidade, verificou-se que 29,1% dos alistados tinham antecedentes e parentes obesos. Esse grupo apresentou quase 70% mais chances de desenvolver sobrepeso. Nos 76,6% que praticavam atividades físicas, a obesidade e o sobrepeso ocorreram com menor freqüência.


Ainda em relação ao dispêndio energético, constatou-se que 36,8% permaneciam mais de três horas por dia em atividade sedentária, como jogar videogame, ver TV e usar o computador. O excesso de peso foi menor no grupo com trabalho remunerado (95,2%) e, à medida que a remuneração mensal aumentava, essa elevação tornou-se um fator de proteção de 65%. “Analisando-se todos esses fatores de risco, as condições hereditárias e socioeconômicas foram as que mais contribuíram para explicar esses achados dos casos de obesidade e de sobrepeso na capital pernambucana”, avalia Vera.

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