24/01/2019
A frequência de traço falciforme é significativamente maior em pacientes em hemodiálise do que na população geral. Essa foi uma das conclusões de um estudo coordenado pelo pesquisador da Fiocruz Bahia, Washington Conrado dos Santos, que comparou a frequência do traço falciforme entre pacientes com doença renal terminal e uma população de recém-nascidos em Salvador, Bahia. O estudo foi descrito no periódico científico Plos One, no artigo The sickle cell trait and end stage renal disease in Salvador, Brazil.
De acordo com o trabalho, o traço falciforme é frequente na população brasileira, variando de 1,1% a 9,8%. A doença falciforme tem sido associada a uma variedade de lesões renais e as alterações vasculares observadas nesta doença podem afetar mais intensamente a medula renal. Por outro lado, o traço falciforme é raramente associado à doença renal e pouco se sabe sobre a contribuição do traço falciforme para a gravidade e progressão de doenças renais inflamatórias ou degenerativas.
No presente estudo, foram avaliados 306 pacientes com doença renal terminal em hemodiálise e, para estimar a frequência do traço falciforme na população geral de Salvador, dados coletados por um programa de triagem neonatal local entre 2011 e 2016 também foram analisados. Não foram encontradas diferenças nos dados demográficos, clínicos ou laboratoriais entre os pacientes com ou sem o traço falciforme.
Estudos adicionais avaliando a fisiopatologia do traço falciforme e seu impacto na doença renal podem fornecer informações importantes para promover o desenvolvimento de estratégias para prevenir a progressão da doença renal crônica para terminal.
Fatores genéticos
No artigo, os pesquisadores afirmam que, ao estudar a doença renal nas populações de descendentes de africanos, é importante levar em consideração outros fatores genéticos envolvidos na progressão da doença renal. Certas variantes no APOL1, um gene localizado no cromossomo 22, que codifica a apolipoproteína L1 (APOL1), estão associadas à progressão de muitas doenças renais.
Por isso, também foram investigadas as frequências de variantes de risco de apolipoproteína L1 em pacientes submetidos à hemodiálise. Os pesquisadores concluíram que os haplótipos APOL1 não parecem ser os determinantes da doença renal terminal nesses pacientes. Foram analisados o DNA de 45 pacientes.