Estudo revela alta prevalência de parasito intestinal entre crianças em Juiz de Fora

Publicado em
Igor Cruz
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Um estudo desenvolvido com 590 crianças que viviam em áreas de invasão urbanas de Juiz de Fora (MG) identificou os fatores de risco para a infecção por Giardia duodenalis, protozoário que parasita o intestino e pode causar cólicas e diarréia. Publicados na edição de junho da revista Cadernos de Saúde Pública, da Fiocruz, os resultados revelaram que 18% das crianças estudadas, com idades de 1 a 5 anos, apresentavam G. duodenalis nas fezes, ou seja, estavam infectadas pelo parasito. Segundo os autores, das universidades federais de Juiz de Fora, Minas Gerais e Bahia, as crianças mais expostas ao protozoário eram aquelas que conviviam com maior número de irmãos, viviam em casas sem banheiro e consumiam água de poço, sem tratamento.


 Vista panorâmica da região central do município (Foto: Prefeitura de Juiz de Fora)

Vista panorâmica da região central do município (Foto: Prefeitura de Juiz de Fora)


A prevalência da infecção por G. duodenalis em países desenvolvidos varia de 2% a 5%, enquanto nos mais pobres pode alcançar 30%. Em Juiz de Fora, o percentual de crianças infectadas pelo protozoário pode ser considerado elevado, em comparação às prevalências verificadas em outras cidades brasileiras, como Salvador (13,7%) e Fortaleza (8,8%). A transmissão do protozoário se dá pela ingestão de água e alimentos contaminados ou quando as mãos sujas são levadas à boca. “A alta prevalência de G. duodenalis nos assentamentos em Juiz de Fora é conseqüência da contaminação e disponibilidade insuficiente de água; higiene pessoal inadequada, especialmente entre as crianças; e falta de banheiros”, diz o artigo assinado por Júlio César Teixeira (UFJF), Léo Heller (UFMG) e Mauricio L. Barreto (UFBA).


Os pesquisadores observaram em Juiz de Fora uma estreita relação entre a infecção por G. duodenalis e os problemas relacionados à água. Por isso, consideram prioritárias ações para o adequado abastecimento de água nas casas estudadas. Essas ações devem vir acompanhadas por melhorias na infra-estrutura dos domicílios e por medidas educacionais. “O parasito é também transmitido diretamente entre os habitantes de uma casa com muitos moradores, particularmente entre as crianças, o grupo mais vulnerável”, alerta o artigo.