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10/07/2013

Estudo vai avaliar implementação de Profilaxia Pré-Exposição ao HIV


O Instituto Pesquisa Clínica Evandro Chagas (Ipec/Fiocruz) realizará, em agosto e setembro deste ano, um estudo demonstrativo que pretende avaliar a melhor forma de oferecer a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) ao vírus HIV no Brasil. Em pesquisa anterior, concluída em 2010, foi constatada a proteção significativa deste método contra a infecção pelo HIV entre homens que fazem sexo com homens. O estudo contará com 400 voluntários, sendo 200 no Rio de Janeiro e 200 em São Paulo. O perfil buscado são homens com mais de 18 anos, HIV negativos e que fazem sexo com homens. Eles usarão, de forma contínua, o antirretroviral Truvada, mantendo a rotina de relações sexuais, e serão acompanhados durante um ano. Os interessados em participar podem se informar pelo telefone (21) 2260-6700.

Existem atualmente cerca de 34 milhões de pessoas em todo o mundo vivendo com HIV/Aids, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS)
 

O resultado do trabalho poderá fornecer informações importantes ao Ministério da Saúde sobre quais seriam as necessidades estruturais para a implementação deste método de prevenção no país, que ainda não está disponível aos brasileiros, por carecer de registro do medicamento Truvada. Integram a pesquisa o Centro de Referência e Treinamento DST/Aids da Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo e da Universidade de São Paulo (USP).

No Brasil, o HIV/Aids é considerado uma epidemia concentrada, com uma prevalência da infecção em 10,5% dos homens que fazem sexo com homens (HSH), 5,9% dos usuários de drogas e 5,0% dos profissionais do sexo. Acredita-se que os grupos mais vulneráveis seriam os principais beneficiados com as novas tecnologias de prevenção. “O método de prevenção mais eficaz contra a infecção pelo HIV e contra as demais doenças sexualmente transmissíveis (DST) é o uso regular de preservativos masculinos ou femininos nas relações sexuais. Apesar do método ser muito eficaz, a adesão ao seu uso tem sido considerada baixa, em média de 40%”, explica a médica infectologista do Ipec Brenda Hoagland.

Outros métodos de prevenção têm sido propostos como complementares ao uso de preservativos, como a circuncisão masculina voluntária, que é um procedimento cirúrgico que consiste na retirada do prepúcio com o objetivo de reduzir o risco da infecção pelo HIV. Microbicidas retais/vaginais são estudos utilizando medicamento antirretroviral (Tenofovir) na forma de gel, aplicados antes e após a relação sexual, mostrou redução do risco da infecção pelo HIV em torno de 35% em países africanos. Este tipo de medicamento não está disponível no Brasil.

A Profilaxia Pós-Exposição Sexual (PEP) está disponível no SUS, indicado para pessoas que identificaram risco de infecção pelo HIV em relações sexuais consentidas. Consiste no uso de medicamentos antirretrovirais (no mínimo três medicamentos) por 28 dias, iniciados até três dias após a exposição. Tem o objetivo de tentar impedir a transmissão do vírus após exposição em relação sexual com parceiro sabidamente ou supostamente HIV positivo. Já a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) não está disponível no Brasil, pois carece de registro do medicamento antirretroviral Truvada para uso na prevenção do HIV. O estudo, que também foi conduzido no Ipec, avaliou a segurança e a eficácia do medicamento antirretroviral como método adicional de prevenção ao HIV em 2.499 homens e mulheres transsexuais HIV negativos que fazem sexo com outros homens. A pesquisa mostrou que o medicamento teve uma eficácia na prevenção da infecção que variou de 43% a 92%, dependendo principalmente do quanto à pessoa foi aderente ao uso do medicamento Truvada.

Em julho de 2011 foram divulgados os resultados do estudo de terapia antirretroviral como prevenção. O estudo multicêntrico HPTN 052, realizado com casais sorodiscordantes, ou seja, quando uma pessoa do casal é HIV positiva e a outra é negativa. O Ipec foi um dos centros de pesquisa participantes. O estudo demonstrou que o uso precoce de terapia antirretroviral pelo parceiro HIV positivo reduz o risco de transmissão do vírus para o parceiro HIV negativo em 96%. A partir dos resultados, o tratamento de diversos países foram modificados, inclusive no Brasil, onde o uso da (TARV) está indicado para pacientes com CD4 <500 e para todas as pessoas HIV positivas, que possuem um parceiro HIV negativo, independente do resultado CD4. 

“A presença de outras DST ativas, como sífilis, herpes, gonorreia e verrugas genitais; tornam a mucosa da região genital mais suscetível à infecção pelo HIV. Por isso, é recomendo o diagnóstico e tratamento de toda DST como forma adicional de prevenção da infecção”, diz Brenda. “Cabe ressaltar que nenhuma dessas novas tecnologias tem o objetivo de substituir o preservativo, uma vez que elas não previnem as demais DST. Porém, são considerados métodos adicionais para àquelas populações mais vulneráveis à infecção do HIV, sendo instrumentos importantes na prevenção de novos casos da doença”, assinala.

Aids no mundo

Existem atualmente cerca de 34 milhões de pessoas em todo o mundo vivendo com HIV/Aids, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS). Destes, em torno de 9,7 milhões recebem tratamento antirretroviral. Apesar dos avanços, a epidemia continua. Em 2010, foram estimados 2,7 milhões de casos novos de pessoas infectadas pelo HIV.

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