Nos últimos anos, as ações implementadas pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) representaram avanço significativo no controle da epidemia de Aids. No entanto, até agora, essas ações permanecem em âmbito nacional ou bilateral: ainda há muito o que fazer para a promoção de iniciativas que envolvam todos os membros da CPLP. Esta é uma das primeiras reflexões colocadas pelos participantes do 2º Congresso da CPLP sobre DST/Aids, que vai até quinta-feira (17/4), no Rio de Janeiro.
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| O diretor do escritório regional da Organização Mundial da Saúde na África, Luís Gomes Sambo, e o presidente da Fiocruz, Paulo Buss, na abertura do congresso (Foto: Alex Mansour) |
Durante a cerimônia de abertura do evento, nesta segunda-feira (14/4), o vice-ministro da Saúde de Angola, José Van-Dúnem, apresentou as repercussões da Carta de Luanda, documento redigido na primeira edição do Congresso em que os participantes firmavam o compromisso de agir conjuntamente na prevenção e no suporte às pessoas infectadas pelo HIV. Segundo ele, um plano estratégico de enfrentamento das DST/Aids requer capacitação de recursos humanos e inclusão das pessoas vivendo com essas doenças. As prioridades de ação recaem sobre prevenção, diagnóstico, tratamento, pesquisa, desenvolvimento tecnológico, educação e combate à discriminação.
Na ocasião, o presidente da Fiocruz, Paulo Marchiori Buss, reforçou a necessidade de cooperação entre os países em desenvolvimento. “Os membros da CPLP enfrentam dificuldades comuns. Em todos eles, persistem os bolsões de miséria, que são um dos principais focos de transmissão de epidemia”, disse. “A solução do problema requer mobilização dos diferentes setores do governo e da sociedade, de modo a fortalecer os sistemas de saúde”.
A primeira conferência do evento reuniu a coordenadora do Programa Nacional de DST/Adis, Mariângela Simão, e o diretor da OMS África, Luís Gomes Sambo. Os dois apresentaram experiências da luta contra a Aids no Brasil e na África.
Mariângela expôs resultados de levantamentos realizados pelo PN-DST/Aids. Os dados mostram que o Brasil, por ano, tem 33 mil novos casos de Aids e 11 mil óbitos associados à infecção pelo HIV. A doença é um problema em todo o país, atingindo 85% dos municípios. “Verifica-se um aumento da transmissão entre heterossexuais, sobretudo entre pessoas acima dos 50 anos, que usam menos preservativo. Por outro lado, a transmissão entre usuários de drogas e homossexuais, exceto entre os jovens, foi reduzida nos últimos anos”, afirmou a palestrante, que aproveitou a oportunidade para anunciar a recente inauguração de um fábrica de preservativos no Acre, com capacidade para produzir, já no primeiro ano de operação, 100 milhões de camisinhas.
Entre os desafios comentados por Mariângela, destaca-se a sustentabilidade do acesso universal aos anti-retrovirais, por meio do licenciamento compulsório e da ampliação da capacidade de produção nacional. Atualmente, o custo do tratamento de um paciente vivendo com HIV/Aids ultrapassa os US$ 1.800 por ano. Outra necessidade é melhorar a adesão ao tratamento e o diagnóstico precoce – hoje, 44% dos infectados só descobrem ser portadores do HIV quando já apresentam deficiência imunológica severa.
Em seguida, Sambo chamou a atenção para os fatores que agravam o problema da Aids na África, como pobreza, analfabetismo, insegurança alimentar, dificuldade de acesso à água potável e conflitos armados. Além disso, destacou a fragilidade dos sistemas de saúde devido à alocação inadequada de recursos humanos, financeiros e tecnológicos. “Avanços têm sido possíveis graças ao empenho político, à participação comunitária e a descentralização dos serviços de saúde. Contudo, ainda persiste uma forte estigmatização dos doentes”, observou.
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Conheça a programação do evento:
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2º Congresso da CPLP sobre DST/Aids
De 14 a 17 de abril de 2008
Hotel Glória, Rua do Russel 632, Glória, Rio de Janeiro, Brasil
Informações: (21) 3885-1723 (Catarina) ou (21) 3885-1712 (Fernanda)
