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06/02/2019

Fiocruz Brasília oferece curso de manejo de águas no Piauí

Nathállia Gameiro (Fiocruz Brasília)


A Fiocruz Brasília finalizou o curso de Vigilância Popular em Saúde e Manejo das Águas no município de Ipiranga do Piauí, localizado a cerca de 220 quilômetros de Teresina. A turma participou de atividades presenciais e de campo, e foi composta por agricultores familiares, técnicos do Fórum Piauiense de Convivência com o Semiárido, trabalhadores da saúde, estudantes, professores e técnicos de agropecuária das comunidades de Brejo da Fortaleza e Fornos. Os mais de 100 alunos realizaram trabalhos que impactam diretamente os territórios, considerando a realidade de cada um.

A formação teve início em setembro do ano passado e levantou questões como água e soberania alimentar, agroecologia, saneamento rural, saúde e vigilância dos territórios saudáveis e sustentáveis no semiárido. Durante o curso, além de pesquisadores, alguns moradores das duas comunidades ministraram módulos, uma forma de valorizar os saberes e práticas e reconhecer experiências locais. “A comunidade foi protagonista do curso. Na verdade, aprendemos mais do que doamos”, afirmou Marciele Batista, palestrante de um dos módulos do curso e membro da Obra Kolping do Piauí, organização da sociedade civil.

A chefe do Serviço de Saúde Ambiental da Superintendência Estadual da Funasa no Piauí, Danda Oliveira, destacou que é preciso acreditar no potencial das comunidades, pois elas têm conhecimento, força, poder e sabem o que precisam para o território. A idade dos participantes foi diversificada, de 15 a 71 anos, assim como o perfil, mas todos tinham algo em comum: aprender a viver, cuidar e valorizar o semiárido, além de mudar a realidade da população.

O aluno Francisco Janielson, da comunidade de Fornos, afirma que a formação teve um impacto significativo na região. Ele contou que aprendeu a forma correta de manejar e reutilizar a água, além de ver tecnologias sociais e as formas de utilizá-las no território. Francisco lembrou que o volume de chuva no Nordeste, especialmente no semiárido, vem diminuindo e por isso, a população precisa ter o cuidado de armazenar a água da chuva e reutilizar água cinza para evitar a escassez. “A água na região é utilizada para produzir cada vez mais e melhor e assim, garantir a soberania alimentar e, consequentemente, a nossa sobrevivência no nosso semiárido, que cada vez mais vem sendo castigado pelas secas, que ano a ano vêm se perpetuando no nosso território”, completou. 

Durante a formação, os estudantes destacaram as necessidades de cada comunidade, como a má distribuição da água e conscientização da população sobre o desperdício, além da definição de prioridades. Ao final, foram desenvolvidas tecnologias sociais para o reuso de águas, reaproveitamento de resíduos sólidos, compostagem, criação de banco de sementes, produção de viveiros e mudas medicinais, eliminação de vazamento de água de cisternas e implantação de hortas com micro irrigação. As tecnologias foram inseridas em algumas casas e na Escola Liberato Vieira, um dos locais onde as aulas foram ministradas. O grupo realizou também, junto às comunidades, o Mapa das Águas, com a utilização de georeferenciamento,  desenho das estruturas das casas e a localização de águas de qualidade e contaminadas.

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