27/05/2024
Ricardo Valverde (Agência Fiocruz de Notícias)
A Fiocruz promoveu uma extensa programação para celebrar o seu aniversário de 124 anos, ocorrido no sábado (25/5). As atividades começaram na quarta-feira (22/5) e se prolongaram até a sexta-feira (24/5), incluindo ações de promoção da saúde, apresentações culturais, palestras, homenagens, corrida, a premiação do projeto vitorioso no edital do futuro Memorial Covid-19 e o lançamento da nova marca gráfica da Fiocruz, que atualiza a identidade visual da Fundação para o século 21.
O processo de atualização da marca foi um esforço coletivo conduzido por profissionais de comunicação e designers da instituição (foto: Peter Ilicciev)
A nova marca gráfica da Fiocruz aposenta a anterior, que tinha mais de duas décadas – era de 1998 – e a sua renovação valoriza a projeção positiva e sólida da imagem institucional da Fundação. O processo de atualização foi um esforço coletivo conduzido por profissionais de comunicação e designers da instituição, por meio de estudos e debates, e a nova marca foi aprovada pelo Conselho Deliberativo (CD) da Fiocruz em 22 de março.
Presidente da Fiocruz, Mario Moreira ressaltou na apresentação da marca (24/5) que, durante a pandemia, a Fundação ampliou em grande medida o seu reconhecimento nacional, que passou a ir muito além do campo da ciência, da saúde e da tecnologia, atingindo uma camada maior e mais diversa da sociedade. “Passamos a ter uma projeção mais disseminada por vários estratos, o que fortaleceu a marca. Esta renovação gráfica do símbolo maior da instituição, o Castelo de Manguinhos, agrega elementos contemporâneos e reforça este ativo que é a sede histórica da Fiocruz, a casa da ciência e da saúde”.
A vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz, Cristiani Machado, agradeceu o trabalho coletivo de todos os profissionais que participaram do processo que levou à criação da nova marca. Ela afirmou que a atualização reflete as transformações pelas quais a Fundação passou nos últimos anos e o momento atual da instituição, no qual ganhou uma visibilidade muito maior, sobretudo pelo papel desempenhado na pandemia. Segundo ela, em breve virão outras fases, que vão incluir a elaboração de um manual de identidade visual e o debate a respeito das fachadas dos prédios da instituição.
Com a atualização, o desenho do Castelo Mourisco, símbolo maior da instituição, foi modificado, perdeu algumas reentrâncias e detalhes e ganhou em clareza e visibilidade. A marca passa a ser aplicada junto com a do Sistema Único de Saúde, reforçando os vínculos entre a Fundação e o SUS. Essas mudanças permitem usar uma fonte maior, dando mais legibilidade.
Para normatizar a aplicação do novo desenho, e estabelecer um regramento para a sua utilização, foi elaborado o Manual de Uso da Marca, com diretrizes e recomendações. Isso permitirá uma gestão da marca coesa, robusta e amplamente assimilada pela comunidade da Fiocruz. O documento vai orientar o uso da marca principal e de outras marcas da instituição, dando unidade à identidade visual e contribuindo para reforçar a presença e o reconhecimento da Fundação, que ganharam ainda maior destaque nos últimos anos, pela sociedade. Durante o lançamento houve a apresentação de um vídeo com os destaques da linha do tempo da Fiocruz e a exibição da nova marca.
Outro destaque do aniversário da Fiocruz foi a cerimônia de premiação do edital Memorial Covid-19 Fiocruz – Ciência e Saúde, que foi promovida na quinta-feira (23/5), no auditório do Museu da Vida, no campus da Fundação. A proposta vencedora foi a da equipe formada por Paulo José Tripoloni, Pablo Mora Peludo, Gabriel Costa Dantas e Fernanda Macedo Haddad. O júri também concedeu cinco menções honrosas. O concurso contou com organização do Departamento Rio de Janeiro do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-RJ) e o memorial da Covid-19 será implantado em uma área de 3.380 m², próximo à entrada principal da Fiocruz, em Manguinhos, na Zona Norte do Rio de Janeiro.
A mesa de abertura da cerimônia foi formada pelo presidente da Fiocruz, Mario Moreira, pelo diretor da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz), Marcos José de Araújo Pinheiro, pelo coordenador-geral do concurso e conselheiro estadual do IAB-RJ, Claudio Crispim, e pela presidente do Departamento Rio de Janeiro do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-RJ), Marcela Abla. A comissão julgadora foi constituída pela historiadora Cristina Meneguello, pelos arquitetos e urbanistas Eduardo Barra, Ernani Freire, Glória Cabral, Luis Carlos Madeira e Maria Regina Pontin de Mattos, e pela médica Valdiléa G. Veloso.
O presidente Mario Moreira lembrou a pandemia e as dores da Covid-19, o negacionismo, as fake news, o contexto político adverso para todos os que defendem o SUS e os efeitos devastadores desse processo. “Temos que recordar para não repetir. O que ocorreu no Brasil tem que ser registrado, para a atual e as futuras gerações, em todas as formas de expressão: literária, poética, jornalística, memorialística, científica. Com saúde pública não se brinca e não se pode desrespeitar a ciência”. Moreira acrescentou que, embora o memorial seja temático, vai dialogar bastante com a atuação da Fiocruz na pandemia. “Será mais um equipamento que vai ajudar a contar a história da ciência e da saúde pública. E eu lanço um desafio: que o memorial esteja pronto para os 125 anos da Fiocruz”.
O diretor da COC/Fiocruz, Marcos José de Araújo Pinheiro, lembrou as primeiras conversas que levaram à ideia de construir um memorial e de promover um concurso público com a organização a cargo do IAB. “Foi um processo inovador, exitoso e bastante rico em experiências, que pode vir a servir de modelo para outras iniciativas na Fiocruz”. Pinheiro destacou que desde o primeiro momento ficou claro que o memorial não poderia focar exclusivamente em uma homenagem às vítimas, “mas em todo o processo que a sociedade viveu, que inclui as questões de saúde mental, do isolamento, do afastamento das pessoas, do negacionismo e que vai culminar no fortalecimento do SUS e da ciência. Tudo isso precisa estar no memorial, sem ser autolaudatório à Fiocruz”. O diretor observou que o monumento também se insere em outras iniciativas da Fiocruz de conformar o seu território em um campus-parque.
O coordenador-geral do concurso, Claudio Crispim, agradeceu a Fiocruz pelo convite ao IAB para organizar o concurso. Para ele, o memorial “será mais uma cereja em meio a várias atrações arquitetônicas do campus, como o Castelo Mourisco, o Museu da Vida e outras”. O coordenador-geral disse que o concurso teve 93 inscrições, um número superior ao que era esperado e acima da média de certames do tipo. “Destas, 88 enviaram projetos e 8 saíram vencedoras. Foram 5 menções honrosas, além dos 3 primeiros lugares”. Todos os projetos poderão ser conferidos no site do concurso. Um total de 25 profissionais do IAB participou da organização do concurso.
A presidente do Departamento Rio de Janeiro do IAB, Marcela Abla, afirmou, ao iniciar sua intervenção, que o evento também comemorou “os 124 anos da trajetória de lutas de uma instituição incansável na conquista de seus propósitos e que é orgulho de todos os brasileiros”. Segundo ela, “a ideia de edificar um memorial em Manguinhos, em memória dos brasileiros infectados com o coronavírus, levou a Fiocruz a convidar o IAB a promover um concurso de âmbito nacional. Mais do que um símbolo, o futuro memorial será dedicado às reflexões desse recente momento histórico”. Marcela recordou também que a parceria “revive a colaboração estreita entre as duas instituições em outros momentos históricos, como na luta pela redemocratização nacional e na Assembleia Nacional Constituinte”.
Em seguida, a arquiteta e urbanista Maria Regina Pontin de Mattos, membro da comissão julgadora do concurso, leu a íntegra da ata de julgamento. Ela apresentou os projetos que ficaram em primeiro, segundo e terceiro lugares e leu as análises críticas que a comissão fez de cada um deles e dos cinco que receberam menções honrosas. Maria Regina disse que, de acordo com a avaliação dos julgadores, “o projeto vencedor configura notável proposta que une circulação e contemplação, demonstrando grande sensibilidade e entendimento sobre o memorial, com a rememoração da pandemia e dos sofrimentos a ela associados, a importância da ciência e a resiliência dos sobreviventes, narrando de modo pouco óbvio e bastante poético as fases do evento pandêmico. O trabalho resulta em um conjunto que abre visuais e acessos para a vegetação, diferencia-se da arquitetura existente no entorno e marca a paisagem do local”.
Na proposta enviada os vencedores explicam que “fomos inspirados a criar empenas que, servindo de proteção acústica e visual, também preservam um espaço de acolhimento da alma. Este é um isolamento às avessas da pandemia. Um local de paz, verdade e ao som dos pássaros que nele habitam. As empenas brancas que envolvem o conjunto são como lenços que enxugam as lágrimas. A água que cai como lágrimas, flui em direção aos lagos, simbolizando a transformação e o renascimento. Ao percorrer o memorial, os visitantes são guiados à contemplação e incentivados a continuar através da interação lúdica com os espaços naturais”.
A celebração, como ocorre há 12 anos, também homenageou servidores que trabalham há 30 anos na Fiocruz. Este ano foram agraciados o presidente Mario Moreira, o diretor do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz), Maurício Zuma Medeiros, a pesquisadora Laurinda Rosa Maciel, da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz), e o técnico Jonas Borges, do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz). Cada um deles ganhou um diploma. De acordo com a coordenadora-geral de Gestão de Pessoas (Cogepe/Fiocruz), Andrea da Luz, cerca de 1.600 trabalhadores receberam essas homenagens desde o primeiro ano em que foram concedidas.
A celebração também homenageou servidores que trabalham há 30 anos na Fiocruz (foto: Peter Ilicciev)
Mario Moreira, que recebeu o diploma das mãos da vice-presidente Cristiani Machado, se disse orgulhoso com a homenagem e lembrou os seus primeiros dias na Fiocruz. “Esta é uma casa que valoriza os seus trabalhadores. Na mesma semana em que ingressei na Fundação conversei com o então presidente, Carlos Morel, que me explicou o que é a Fiocruz. Aqui estudei, cresci profissionalmente e realizei sonhos. Mais do que um local de trabalho, a Fiocruz permite uma chance única a seus trabalhadores de se desenvolverem como pessoas. É uma satisfação estar aqui e ver que, hoje, a Fundação é cada vez mais reconhecida internacionalmente pela capacidade e o talento de quem trabalha aqui”.
O Castelo Mourisco foi o palco da abertura oficial da celebração de aniversário, no dia 22. Da área em frente ao prédio histórico partiu a Corrida e Caminhada Fiocruz Saudável, que passou por diversos pontos do campus. Também no dia 22, a Coordenação de Saúde do Trabalhador (CST/Cogepe) promoveu um treinamento sobre primeiros socorros para os trabalhadores da instituição. No local foi possível conferir um pouco do catálogo da Editora Fiocruz e houve distribuição de senhas para as sessões de massoterapia. Outra atração foi o Coral Fiocruz, que se apresentou no dia 23.
A sexta-feira teve o lançamento do projeto Diálogo com Gestores: Trabalhar é Viver Junto, que promoveu conversas sobre gestão, saúde e trabalho com dirigentes de todas as áreas. A Feira Fiocruz Saudável foi promovida na Praça Pasteur, durante os três dias de evento. As tendas ofereceram atividades de educação para a saúde, práticas complementares em saúde, rodas de conversa sobre maternidade, exames para detecção de perda auditiva, entre outras ações.
O encerramento da festa contou com o tradicional bolo de aniversário e uma roda de samba com o grupo Bebadosamba (foto: Peter Ilicciev)
A Estação Asfoc foi palco de oficinas de percussão e ritmos pernambucanos, como ciranda, maracatu e coco de roda, promovidas pelo Coral Percussivo da Fiocruz Pernambuco. O encerramento da festa contou com o tradicional bolo de aniversário e uma roda de samba com o grupo Bebadosamba.