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18/09/2020

Fiocruz divulga resultados de sua primeira pesquisa de egressos

Isabela Schincariol (Campus Virtual Fiocruz)


Mulheres representam a grande maioria de estudantes da Fiocruz, é o que revela a primeira etapa do Ciclo de Pesquisa de Egressos realizado pela Fundação no ano de 2019. Dos 8.559 alunos da pós-graduação presencial formados entre janeiro de 2013 e maio de 2019, o levantamento obteve retorno de 51% deles. Sobre a vida profissional, foi percebido aumento do percentual de ex-alunos exercendo atividades após o término do curso. No que se refere à área de atuação, a maioria dos participantes do lato sensu indicou trabalhar com assistência e gestão. Já os ex-alunos do stricto sensu citaram a educação e pesquisa como áreas de atuação. 

Em outubro de 2020, a Vice-presidência de Ensino, Informação e Comunicação (Vpeic/Fiocruz) – responsável por essa realização – dará início à nova etapa do levantamento. A partir do conhecimento do perfil de alunos, a Fundação vai criar um Sistema de Acompanhamento, que integrará uma ampla política de egressos da Fiocruz. Muito além da demanda imposta pelos principais órgãos de avaliação e fomento da pós-graduação brasileira, a ideia é gerar informações e indicadores de fácil acesso para otimizar a gestão do campo da educação, subsidiando os gestores, avaliações internas e externas, bem como o planejamento dos programas e cursos da Fundação.

Para conhecer esses ex-alunos e entender melhor o Sistema de Acompanhamento de Egressos, o Campus Virtual Fiocruz conversou com as coordenadoras da iniciativa: Isabella Delgado, da Vpeic/Fiocruz, e Suely Deslandes, pesquisadora do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz). Confira a entrevista.

Campus Virtual Fiocruz: Quais são os principais resultados do primeiro ciclo da pesquisa de egressos?

Suely Deslandes: A pesquisa envolveu 8.559 alunos e obtivemos 4.365 respostas (51%). Do total de respondentes, a pesquisa revelou que 75% são mulheres; 60% dos estudantes se autodeclararam brancos e 48% deles eram jovens e adultos (entre 20 e 30 anos) quando se formaram. Além disso, apenas 1,7% dos egressos reportaram ter alguma deficiência e o ingresso por ações afirmativas somente foi verificado em 0,4% deles, que pode ser explicado pelo fato dessa política ser mais recente na instituição do que o intervalo estudado.

Considerando o stricto e lato sensu, observamos que 22% dos egressos do lato sensu não realizavam nenhuma atividade profissional quando ingressaram no curso, percentual que caiu para 10% no momento da pesquisa, em 2019. Dos egressos do stricto sensu, apuramos que dos 30% que não exerciam atividades durante o curso, esse percentual caiu para 15% durante o período de participação no questionário.

Ainda sobre a vida profissional dos egressos, as esferas públicas (governos municipal, federal e estadual, instituto público de pesquisa e universidade pública) foram os espaços mais citados pelos respondentes como sendo seus atuais locais de atuação. No que se refere à área profissional, a maioria dos participantes do lato sensu indicou trabalhar com assistência e gestão. Já os ex-alunos do stricto sensu, apontaram a educação e pesquisa como áreas de atuação na atualidade. O aumento salarial após a conclusão do curso foi verificado em 33% dos egressos do lato sensu e em 67% entre os ex-alunos do stricto sensu. Outro dado revelou que 60% dos participantes da pesquisa consideram sua atividade atual está muito relacionada com a formação recebida nos cursos oferecidos pela Fiocruz.

Isabella Delgado: Trabalhamos os dados dos mais de 4 mil respondentes e, em março de 2020, entregamos relatórios individualizados aos 40 programas de pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado) da Fiocruz. Agora, em setembro de 2020, estamos entregando os relatórios mais gerais à Vice-Presidência de Educação, Informação e Comunicação. Tais relatórios estão organizados entre os programas lato sensu da Fundação: conjunto de especializações, conjunto de residências médicas, conjunto de residências multiprofissionais e conjunto de residências em enfermagem. Há ainda relatórios consolidados do stricto sensu: conjunto de mestrados profissionais, conjunto de mestrados acadêmicos, conjunto de doutorados e conjunto de todos os programas stricto sensu.

Campus Virtual Fiocruz: Por que realizar uma segunda fase da pesquisa? O que o novo ciclo traz de novidades?

Isabella Delgado: Ao mesmo tempo em que concluímos as análises da primeira fase, estamos iniciando um novo survey. A próxima etapa é importante para que possamos fechar um ciclo avaliativo, que, para os programas stricto sensu, por exemplo, significa concluir a análise do quadriênio de avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) – 2017-2020. A ideia é que, em breve, a Fiocruz tenha um sistema de acompanhamento de egressos de caráter contínuo e integrado ao sistema de gestão acadêmica da instituição. Por meio desse sistema, cada unidade poderá acompanhar a trajetória de seus alunos, desde o processo seletivo até o final do curso, incluindo diferentes intervalos de tempo após a conclusão.

A próxima etapa da pesquisa terá seu público-alvo ampliado. Agora, incluímos os egressos da Educação Profissional Técnica de nível médio (período de análise: concluintes de cursos de 2013 a 2020), além de continuarmos o levantamento dos alunos do lato e stricto sensu (2019 a 2020).

Campus Virtual Fiocruz: Qual é a importância institucional desses dados e como eles poderão ser usados?

Isabella Delgado: O sistema de acompanhamento dos ex-alunos será parte integrante de uma ampla política de egressos da Fiocruz. Há diversas razões que justificam a construção desse tipo de política em instituições públicas, como é a Fiocruz, que vão além da demanda externa imposta pelos principais órgãos de avaliação e fomento da pós-graduação brasileira (e presentes nos indicadores do Ministério da Educação (MEC) para o lato sensu e, mais especificamente, pela Capes para o stricto sensu).

Abordando especialmente a função de um sistema de egressos, o objetivo é que seja uma ferramenta capaz de gerar informações e indicadores de fácil acesso para otimizar o gerenciamento do campo da educação. O levantamento aporta um relevante conjunto de informações que poderão subsidiar gestores, avaliações e ações de planejamento global (internas e externas), fornecer elementos para analisar o impacto social das ações da educação da instituição, bem como o delineamento dos programas e cursos da Fundação. A análise dos dados apurados na primeira etapa da pesquisa de egressos indica, de forma inquestionável, a importância da Fiocruz na formação e na carreira dos profissionais que por aqui passam. O sistema permitirá, ainda, maior visibilidade para a sociedade. Além disso, esperamos integrar os dados da pesquisa com o Observatório em Ciência, Tecnologia e Informação e o Campus Virtual Fiocruz.

Campus Virtual Fiocruz: Como se deu o processo de construção da pesquisa de egressos?

Suely Deslandes: Como é de conhecimento da comunidade Fiocruz, os principais órgãos de avaliação e fomento da pós-graduação brasileira têm apontado a necessidade premente de um monitoramento dos egressos, de modo que tal conhecimento seja sistemático e possa nutrir as avaliações e o planejamento interno dos programas e cursos, além de possibilitar maior compreensão sobre o impacto social das ações de educação da instituição.

Essa expectativa também vai ao encontro dos grupos gestores do campo da educação, a exemplo de estudos anteriores sobre egressos, feitos em diferentes unidades, como parte integrante da construção dessa política maior da Fiocruz. 

A pesquisa de egressos foi realizada de maio de 2019 a março de 2020 e incluiu ex-alunos de 40 cursos stricto sensu, 102 cursos de especialização e 34 residências, todos presenciais. O questionário aplicado continha perguntas distribuídas entre seis blocos temáticos: (1) Identificação do egresso; (2) Identificação do programa/curso; (3) Atividade profissional antes de ingressar no curso; (4) Atividade profissional e expectativas logo após o término do curso; (5) Condição empregatícia atual e efeitos da formação na Fiocruz; e (6) Avaliação da trajetória formativa.

O questionário ficou público e disponível para livre acesso no Repositório Institucional da Fiocruz (Arca). Foi realizada ampla campanha de divulgação da pesquisa por todas as unidades da Fiocruz, em seus portais e sites de comunicação, bem como em suas redes sociais para a mobilização dos ex-alunos. O convite para participar da pesquisa também foi enviado por e-mail aos ex-alunos. O questionário foi aplicado por meio digital, através do software livre Lime Survey. Os dados foram analisados por um grupo de estatísticos e epidemiologistas.

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