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13/04/2016

Fiocruz e Fundação Gates definem prioridades contra zika

André Costa (Agência Fiocruz de Notícias/AFN)


Um grupo de trabalho reunido no campus da Fundação Oswaldo Cruz em Manguinhos, no Rio de Janeiro, na última sexta-feira (8/4), definiu quais áreas de pesquisa devem ser priorizadas para ajudar mães e bebês afetados pelo vírus zika. A equipe, que contou com representantes da Fiocruz, da Fundação Bill & Melinda Gates, do Ministério da Saúde, do CNPq, e de mais dez instituições, analisou quais são as principais lacunas a serem preenchidas na área materno-infantil relacionadas à doença e estabeleceu uma agenda comum de prioridades no enfrentamento à epidemia.

Fundação Gates investirá recursos em projetos relacionados a cuidados materno-infantis (Foto: Peter Ilicciev / CCS)
 

A oficina de trabalho, intitulada Workshop Grandes Desafios Brasil e Zika, determinou que a pesquisa deve se concentrar sobre sete áreas: o desenvolvimento de melhores métodos diagnósticos e de vigilância; o esclarecimento de todas as possíveis consequências neurológicas em bebês afetados pelo vírus; a elucidação da história natural do vírus em bebês e crianças de mães infectadas, tanto sintomáticas quanto assintomáticas; o acompanhamento a longo prazo desses bebês após o nascimento; a necessidade de estabelecer um biorrepositório de amostras e um sistema de compartilhamento de informações; um sistema padronizado para coletar imagens de ultrassom; a elucidação dos determinantes sociais da doença.

O encontro ocorreu no âmbito do programa Grandes Desafios Brasil, que é uma parceria da Fundação Gates com o Ministério da Saúde e o CNPq. Desde 2013, a instituição criada por Bill Gates, fundador e ex-presidente da Microsoft, e a sua mulher, Melinda Gates, já apoiou mais de 30 projetos no Brasil.

Principal interlocutora da Fundação Gates no encontro, Sharon Bergquist definiu o evento como “fantástico” ao seu encerramento. “Pudemos avaliar quais são as principais lacunas no conhecimento até aqui. Agora sabemos quais são as perguntas críticas que precisam ser respondidas, e poderemos desenvolver estratégias de tratamento para crianças e suas famílias”, afirmou. Bergquist destacou ainda que a Fundação Gates e outros parceiros devem disponibilizar fundos para avançar projetos relacionados a cuidados materno-infantis nos casos afetados pelo vírus zika.

Durante a oficina, foi destacada a importância de um estudo de coorte para responder a boa parte das questões levantadas durante os debates. Já há algumas iniciativas em curso como o estudo que vem sendo conduzido em conjunto entre a Fiocruz Bahia, a Fiocruz Pernambuco e o Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz).

“Muitas lacunas no conhecimento hoje sobre a síndrome de zika congênita podem ser respondidas com uma coorte. É o único desenho de estudo capaz de dar conta da história natural da doença, isto é, entender quais são os problemas que a doença causa, os cofatores que influenciam sua gravidade e os tipos de doença que o bebê pode apresentar depois da exposição da mãe. O único jeito de responder isso é realizando um estudo de coorte com um número grande de recém-nascidos”, disse a coordenadora da Unidade de Pesquisa Clínica do Instituto Fernandes Figueira (IFF/Fiocruz), Maria Elizabeth Moreira Lopes.

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