Início do conteúdo

02/06/2023

Fiocruz inaugura 'Marmo: reencontro com o ofá cuja voz ecoa'

Icict/Fiocruz


Ativista, educador, militante, amigo, irmão, companheiro, filho de Oxóssi. "Um tornado de ideias e ações", como bem definiu Sandra Rocha, vizinha e amiga de José Marmo (1954-2017). A abertura da exposição Marmo: reencontro com o ofá cuja voz ecoa foi marcada por muita emoção, lembranças e celebrações à vida do homem que foi figura-chave das lutas em prol da saúde da população negra do país.

O evento foi realizado, na última terça-feira (30/5), no Salão de Leitura da Biblioteca de Manguinhos do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz), e contou com intérpretes de Libras e transmissão ao vivo pelo canal da VideoSaúde no YouTube. A exposição segue na Biblioteca até 30 de junho, com visitação aberta ao público de segunda a sexta, das 9h às 16h.   

 

A mesa de abertura foi composta por Marco Guimarães, psicanalista, curador da exposição e esposo de José Marmo; Luís Eduardo Batista, assessor especial para Equidade Racial em Saúde do Ministério da Saúde; Flávia Paixão, da Coordenação de Equidade, Diversidade, Inclusão e Políticas Afirmativas (Cedipa/Fiocruz); Cristina Guilam, da Vice-Presidência de Educação, Informação e Comunicação (Vpeic/Fiocruz); e Mel Bonfim, vice-diretora de Ensino do Icict/Fiocruz.

Entre as homenagens e reverências à importância do ativista, Batista destacou os caminhos que foram abertos por Marmo para o processo de institucionalização da política nacional de saúde integral da população negra. "Ontem mesmo eu dizia, numa reunião do Ministério, que a cadeira que eu ocupo só faz sentido porque muitos prepararam aquela cadeira para que eu estivesse lá, neste momento, na assessoria do gabinete da ministra [Nísia Trindade Lima]. E Marmo é uma dessas pessoas", afirmou. 

Marco Guimarães (à direita), curador da exposição, na mesa de abertura do evento (foto: Raquel Portugal, Multimeios/Icict/Fiocruz)

 

Em seguida, a jornalista Marina Maria, do Icict/Fiocruz, mediou dois blocos com sessões de homenagens a José Marmo. Amiga de José Marmo, Marina - que integra o Comitê Pró-Equidade de Gênero e Raça da Fiocruz, também compartilhou com o público algumas memórias sobre o homenageado. Ela relembrou que a exposição teve sua primeira edição em março de 2020, mas teve teve que ser interrompida diante do surgimento da pandemia de Covid-19, naquele mesmo mês. "Pandemia essa que, com todas as dores e desigualdades evidentes no Brasil, escancarou a vulnerabilização de nós, negras, negres e negros, acometendo centenas milhares de vidas negras em todo o país", ressaltou a jornalista. 

Criativo e dinâmico, Marmo se formou dentista pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e produziu diversos projetos voltados para as áreas de saúde, educação, cultura e direitos dirigidos à população negra e povos de terreiros. Foi um dos fundadores da Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde (Renafro); integrou o Comitê Técnico de Saúde da População Negra da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro; foi coordenador do programa de saúde do grupo cultural AfroReggae. Na Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids (Abia), coordenou campanhas de promoção à saúde e prevenção voltadas para a população negra, como o Projeto Arayê e a Companhia da Saúde.

Convidados veem imagens da exposição (foto: Raquel Portugal, Multimeios/Icict/Fiocruz)

 

Diversas convidadas e convidados prestaram homenagens e reverências a José Marmo durante a abertura da exposição. Entre elas, a Mãe Nilce de Oyá, coordenadora nacional da Renafro; a historiadora Ana Flávia Magalhães Pinto, diretora-geral do Arquivo Nacional e professora da Universidade de Brasília (UnB); e a médica Jurema Werneck, diretora executiva da Anistia Internacional Brasil e cofundadora da ONG Criola. As muitas histórias contadas ajudam a contar o enorme legado de Marmo para os direitos humanos do país. "Com toda força e afeto, o nosso homenageado se articulou pela defesa da saúde da população negra e também das nossas vidas", resumiu a jornalista Marina Maria. 

O evento foi finalizado com uma atividade cultural: a apresentação do grupo Afoxé Ore LaiLai, no saguão da Biblioteca de Manguinhos. A exposição Marmo: reencontro com o ofá cuja voz ecoa apresenta mais de 400 objetos, entre cartões-postais, fotografias, vídeos, boletins informativos e outras publicações da Coleção José Marmo, que foi doada à Biblioteca de Manguinhos por Marco Guimarães. O inventário de itens registra não apenas a trajetória do ativista, mas o avanço e as estratégias na luta por direitos da população negra e enfrentamento ao racismo. 

Voltar ao topo Voltar