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20/06/2018

Fiocruz Minas estuda resposta imune a vacina para influenza

Keila Maia (Fiocruz Minas)


O Grupo de Imunologia de Doenças Virais da Fiocruz Minas está envolvido em uma série de estudos relacionados ao enfrentamento da influenza. Uma das pesquisas tem por objetivo fazer o sistema imune responder de forma ainda mais eficaz à vacina, gerando uma proteção ampliada e mais duradoura. Para isso, os cientistas estão criando um vírus que codifica uma proteína capaz de modular o sistema imunológico e, assim, melhorar a resposta imune induzida pela vacina. 

“Trata-se de um vírus que está sendo modificado geneticamente. Ao entrar em contato com ele, o sistema imune vai induzir uma resposta que será mais eficaz, tanto em termos de proteção (ao ser capaz de proteger contra diferentes estirpes de vírus influenza), quanto de duração”, explica o pesquisador Alexandre Machado, coordenador do estudo.  

Ainda com o foco no sistema de defesa do organismo, um segundo estudo está em andamento, em parceria com os pesquisadores Mauro Teixeira e Remo Castro Russo, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e Cristiana Couto Garcia, do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). A pesquisa analisa moléculas que atuam na resposta imune ao vírus da influenza, buscando compreender como o organismo detecta e sinaliza a presença do vírus dentro dele. De acordo com os pesquisadores, ao entender o funcionamento dessa resposta, é possível interferir nos mecanismos de defesa e evitar a destruição desnecessária de células. 

“Muitas vezes, o organismo detecta o vírus e reage de forma exacerbada, levando a lesões no órgão infectado, no caso, os pulmões. O estudo dessas moléculas nos permitirá compreender como elas respondem e, com isso, interferir no tratamento da doença, de forma que a resposta gerada pelo organismo seja adequada”, afirma o pesquisador.

O desenvolvimento de uma vacina bivalente, que ofereça proteção contra a influenza e o pneumococo simultaneamente, também é o foco dos pesquisadores. Em parceria com a pesquisadora Eliane Miyagi, do Instituto Butantan, o grupo da Fiocruz Minas analisa como se dá o processo de codificação de proteínas de proteção cruzada dessas duas doenças. Embora já exista a imunização para cada uma delas, uma única vacina poderá evitar complicações por influenza, uma das causas da infecção por pneumococo.
O Grupo de Imunologia de Doenças Virais também está colaborando com um estudo liderado pelo pesquisador Daniel Assis, da UFMG, que visa entender o processo de coinfecção por vírus da influenza e pelo fungo Cryptococcus gatti, muito comum em pacientes imunossuprimidos. Tal fungo também pode infectar pacientes saudáveis, provocando infecção neurológica e pulmonar.  

Outro estudo que vem sendo realizado em parceria com a UFMG, por meio da pesquisadora Érica Azevedo, se refere ao desenvolvimento de uma vacina contra influenza voltada para suínos. A pesquisa poderá contribuir com a quebra de um ciclo de transmissão, uma vez que o porco também pode ser hospedeiro do vírus. Vale ressaltar que o porco pode ainda ser hospedeiro de vírus transmitido por aves, contaminando também o homem. Dessa forma, o desenvolvimento de uma vacina voltada para o animal atuará de forma preventiva, além de ter um apelo econômico, devido ao fato de o Brasil ser um grande produtor e exportador de carne.

Todos esses estudos estão na etapa de prova de conceito, ou seja, em fase de testes em camundongos. Segundo o pesquisador, é importante lembrar que atualmente a principal ferramenta para combater a influenza é a vacina, que é extremamente segura. 
“Com a vacina, a pessoa fica protegida de desenvolver formas graves da doença e protege a comunidade, porque, com mais pessoas imunes, reduz-se a transmissão. A vacina é produzida com vírus inativado e, portanto, é impossível contrair influenza ao se tomar a vacina. É preciso destacar, entretanto, que, após se vacinar, é necessário um prazo de mais ou menos 15 dias para que o organismo gere resposta imune protetora”, reforça Machado. 

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