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04/01/2007

Fiocruz participa da avaliação da incidência de doença nas fronteiras do país

Bruna Cruz


O Serviço de Referência Nacional em Filariose (SRNF) do Centro de Pesquisa Aggeu Magalhães (CPqAM), unidade da Fiocruz em Pernambuco, está participando da avaliação da incidência da mansonelose na fronteira do Brasil com a Colômbia, o Peru, o Paraguai e a Venezuela. A doença é um tipo de filariose causada pelo parasito Mansonella ozzardi, cuja ocorrência, apesar de freqüente na região amazônica, não vem sendo registrada adequadamente.


 O mosquito borrachudo (Simulidium sp.), transmissor da mansonelose

O mosquito borrachudo (Simulidium sp.), transmissor da mansonelose


O trabalho faz parte do plano de controle, dessa e de outras doenças, como a malária, do Sistema Integrado de Saúde nas Fronteiras (SIS Fronteiras), um projeto de integração de ações e serviços de saúde do Ministério da Saúde que atua nas regiões fronteiriças do Brasil. O SRNF será responsável pela capacitação de técnicos de laboratório no diagnóstico da doença, transmitida por um mosquito conhecido como borrachudo (Simulidium sp.).


De acordo com o coordenador do SRNF do CPqAM, Abraham Rocha, a literatura sempre tratou a mansonelose como uma doença apatogênica, ou seja, que não apresenta sintomas e nem traz danos para a saúde do ser humano. Entretanto, ao longo dos últimos anos, as autoridades sanitárias têm observado que os pacientes que chegam aos postos de saúde apresentando sintomas semelhantes aos da malária, cormo febre, calafrios e dores articulares, na verdade, apresentam a enfermidade. “O estudo pretende realizar um levantamento dos casos da mansonelose na fronteira da Amazônia. Precisamos saber qual o número de casos para desenvolver um trabalho sistemático na região, incluindo ações médicas, prevenção, tratamento, controle do vetor, entre outras”, explicou Rocha.


A mansonelose nunca chamou atenção das autoridades por não trazer conseqüências como a elefantíase e a hidrocele, mas os sintomas apresentados pelos pacientes que vêm procurando os postos de saúde os deixam incapazes de fazer, por exemplo, atividades mínimas de trabalho. “Até hoje, não sabemos o que ela realmente pode provocar, mas há suspeitas de que também cause comprometimento ocular”, comentou Abraham Rocha. Pelos sintomas serem parecidos com os da malária, também é preciso diagnosticar a mansonelose com precisão para que os pacientes não sejam tratados erroneamente com um antimalárico, o que pode fazer com que o organismo fique resistente à medicação, caso ele precise ingeri-la posteriormente.


Os primeiros passos para avaliar como está a situação da mansonelose foram definidos na primeira oficina de trabalho do projeto, que ocorreu em Manaus, em novembro. O SRNF do CPqAM fará, a partir de março de 2007, o treinamento de técnicos de laboratório de quatro áreas do estado do Amazonas: São Gabriel da Cachoeira, Santa Isabel do Rio Negro, Japurá e Tabatinga. Eles aprenderão a fazer o exame de gota espessa, o mesmo usado para colher amostras de sangue para o diagnóstico da filariose bancroftiana e da malária, a processar o material colhido em laboratório e a identificar o parasito. O treinamento será realizado em Tabatinga.


Além de ser conduzido pelo SIS Fronteiras, o trabalho conta com a participação da Coordenação Geral de Laboratórios de Saúde Pública (CGLAB) e da Coordenação de Doenças Transmitidas por Vetores (CDTV), ambas vinculadas à Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (SVS/MS).

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