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07/08/2006

Flebotomíneos do Brasil

por Adriana Melo












Flebotomíneos do Brasil

Organizadores: Elizabeth F. Rangel e Ralph Lainson

Editora Fiocruz

368p. R$ 45,00

 


 


O interesse dos cientistas pelos mosquitos da subfamília Phlebotominae começou a crescer quando algumas espécies desses insetos foram apontadas como vetores de doenças importantes para o homem, como as leishmanioses. Até 1940, apenas 33 espécies desses mosquitos haviam sido descobertas nas Américas. Hoje, apenas na América Latina, já foram descritas cerca de 400 espécies. O livro Flebotomíneos do Brasil, escrito por entomologistas e parasitologistas, traz dados atualizados sobre a importância desses mosquitos para a medicina, sua morfologia, biologia, distribuição geográfica e interação com os agentes patológicos que transmitem.


Nenhum país no mundo tem tantas espécies de flebotomíneos como o Brasil. Essa variedade se deve à extensão territorial e ao fato de grande parte da Amazônia, com sua riquíssima fauna, localizar-se aqui. Por isso, os pesquisadores brasileiros estão na vanguarda de estudos sobre esses mosquitos e sobre a leishmaniose. O livro conta como os conhecimentos sobre esses insetos foram sendo adquiridos ao longo dos anos, desde a descrição das primeiras espécies, em 1907.


Além das leishmanioses, os flebotomíneos transmitem outras doenças humanas e animais como as arboviroses, menos graves, e a bartonelose, letal em 90% dos casos. As picadas desses mosquitos são dolorosas e causam reações alérgicas. Sua importância médico-veterinária é o tema do primeiro capítulo do livro. O segundo capítulo, composto de tabelas e desenhos, aborda a morfologia e taxonomia dos flebotomíneos, ou seja, as características usadas para classificá-los: asas, pernas, aparelho bucal, cerdas, DNA, entre outras estruturas que identificam as espécies.


O estabelecimento de populações humanas em áreas nunca antes habitadas aumenta o contato do homem com doenças antes típicas de animais silvestres. O surgimento de muitas epidemias provavelmente está ligado à ecologia humana e à introdução da presença humana em regiões onde seus transmissores ainda são desconhecidos. Por isso, trabalhos sobre a distribuição geográfica de possíveis vetores de doenças são importantes. O capítulo 3 do livro trata dos habitats dos flebotomíneos no Brasil, país que abriga 229 espécies conhecidas desses mosquitos, 28,6% do total e 47,7% das que ocorrem na região neotropical; 19 delas transmitem leishmânias ao homem. Tabelas enumeram as espécies que vivem em cada estado.


Diferentemente de outros mosquitos, cujas formas imaturas se desenvolvem na água, ovos, larvas e pupas de flebotomíneos crescem em material orgânico em decomposição, principalmente os de origem vegetal. O capítulo 4 de Flebotomíneos do Brasil descreve o ciclo biológico desses mosquitos, as características de suas formas imaturas e dos insetos adultos, as diferenças entre fêmeas e machos e os locais onde se abrigam durante o dia, quando não estão em atividade.


Os capítulos 5 e 6 se dedicam à transmissão das leishmanioses por algumas espécies de flebotomíneos. Esses mosquitos são os hospedeiros primários dos protozoários do gênero Leishmania. O homem e outros mamíferos são os hospedeiros secundários e adquirem a doença quando são picados por uma fêmea de flebotomíneo infectada - os machos não se alimentam de sangue. O livro traz esquemas e explicações sobre o desenvolvimento do protozoário nos hospedeiros primário e secundário.


A leishmaniose pode se apresentar de três formas - cutânea, mucocutânea e visceral - dependendo da espécie de Leishmania envolvida. O capítulo 6 se dedica a caracterizar as formas da doença e os protozoários envolvidos com cada uma delas. O sétimo capítulo traz informações sobre outros parasitas transmitidos por flebotomíneos, especialmente tripanossomatídeos e vírus, tanto para o homem como para animais. Os flebotomíneos brasileiros são hospedeiros de mais de 150 microrganismos, mas ainda não está comprovado que sejam vetores de todos esses parasitas.


O oitavo e último capítulo fala sobre os métodos de captura, entorpecimento e dissecação de mosquitos vivos e de sua conservação depois de mortos. Fotografias de armadilhas usadas para aprisionar flebotomíneos e receitas de líquidos usados na preparação dos mosquitos completam o livro, que traz também uma vasta referência bibliográfica, útil para quem quiser se aprofundar no tema.

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